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Meio século de transformações: A arte de descobrir novos mercados

Luís Beato Nunes - 21/07/2016 - 14:39

O filósofo francês Richard Cantillon (1755) foi o primeiro autor a utilizar o termo “empreendedor” para definir os agentes económicos que compreendiam as tendências e desequilíbrios do mercado, arriscando prever o que seria mais valorizado no futuro e satisfazer uma procura futura que não existia ainda no presente.
Contudo, foi só na primeira metade do século XX que o conceito de Cantillon foi recuperado por autores como Frank Knight (1921) e Joseph Schumpeter (1934) e, mais tarde, por Israel Kirzner (1973).
Talvez o mais conhecido, Schumpeter defendia que o desenvolvimento económico era um processo dinâmico que implicava uma quebra do status quo, atribuindo ao empreendedor essa responsabilidade através do abalo da replicação monótona das interações entre os vários intervenientes no mercado. 
Para Schumpeter, o desenvolvimento económico resultava de uma perturbação do fluxo previsível entre os vários agentes económicos, através de um processo de destruição criativa, sendo o papel do empreendedor o de inovar e descobrir novos mercados através da introdução de novos produtos, novas técnicas de produção ou novas formas de organização do trabalho.
Já para Frank Knight, o risco e a incerteza eram dois conceitos separados, uma vez que o risco estava associado aos resultados estimáveis de um investimento, enquanto a incerteza era a ausência completa de conhecimento sobre os resultados futuros de uma determinada inovação. Para Knight, os empreendedores eram aqueles que se aventuravam na incerteza do futuro das suas decisões retirando daí o seu lucro. 
Mais tarde, para Kirzner (1973, 1997) o empreendedor era o responsável por descortinar o véu da ignorância coletiva, aumentando o conhecimento disponível para todos os intervenientes no mercado, protagonizando alterações fundamentais na procura e oferta de produtos, seja pela criação de novas tendências de consumo, seja pela alteração dos métodos de produção.
Enfim, nos últimos 50 anos o mundo assistiu a uma impressionante disrupção empresarial liderada por vários empreendedores resultando em novos produtos e na criação de novos mercados. A Apple, a Microsoft, a Google, a Facebook, a Alibaba ou até a Amazon eram empresas que não existiam há 50 anos e que hoje se encontram na lista das 50 maiores empresas do mundo.
Em menos de meio século a transformação do mercado foi excecional, sobretudo com a criação de plataformas digitais que abalaram os mercados tradicionais, como é o caso da Uber que de uma simples aplicação para o smartphone afetou profundamente o mercado dos táxis nos grandes centros urbanos.
Em Portugal também temos exemplos desta impressionante disrupção empresarial com a proliferação de centros de incubação empresarial e inúmeras startups, sendo talvez a mais conhecida a Farfetch, uma plataforma digital que permite aos utilizadores comprar roupa ou acessórios das principais marcas luxo a um preço mais baixo do que o praticado nas lojas destas marcas.
Apesar de parecer uma moda passageira, a verdade é que o empreendedorismo tem transformado a economia mundial nos últimos 50 anos e continuará a fazê-lo nos próximos anos num extraordinário processo de destruição criativa, quebrando a monotonia dos mercados tradicionais e criando novas formas de negócio… não será seguramente “business as usual”, mas certamente será business.       

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