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A sustentabilidade da nossa Vida:A pressão aumenta sobre os recursos do planeta

Luís Beato Nunes - 03/08/2017 - 9:57

No século XVIII o clérigo e filósofo inglês Thomas Malthus terá sido o primeiro autor a reflectir sobre a crescente pressão do crescimento populacional na gestão intensiva dos recursos provenientes do setor primário.
Apesar do tom alarmista da sua obra An Essay on the Principle of Population publicada em 1826, as previsões de Malthus acabaram por não se verificar, desacreditando as suas teorias demográficas, mas sem nunca mitigar a preocupação da humanidade face à ténue relação entre o número de habitantes no planeta e os recursos necessários para os alimentar.
As preocupações de Malthus eram legítimas e ainda o são, porque a sustentabilidade da nossa vida neste planeta depende da capacidade em extrair os recursos necessários não apenas à nossa sobrevivência, mas à nossa vida com dignidade, assim como das gerações futuras.
É precisamente esta sustentabilidade que nos torna seres diferentes dos restantes que habitam e habitaram este planeta. A nossa inteligência permite-nos ponderar as consequências dos nossos atos no meio ambiente e contribuir para evitar a depauperação rápida desse ecossistema.
Atualmente já são várias as multinacionais que iniciaram processos de verticalização do seu negócio, garantindo a sustentabilidade da qualidade das matérias-primas que compram. Gigantes mundiais como a Nestlé e a Wal-Mart têm investido em produtores do setor primário que lhes fornecem os respetivos produtos alimentares.
São, sobretudo, empresas do setor primário (ou que comercializam produtos deste setor) que investem nesta verticalização, mas os setores industrial e dos serviços também procuram garantir que a origem dos seus outputs respeitam as principais recomendações das Nações Unidas para as relações laborais.
Porém, será sempre o setor primário o principal responsável pela extração de recursos do planeta, sejam estes minerais ou alimentares, sendo sempre o centro das atenções para o equilíbrio futuro da nossa relação com o planeta.
Parece evidente que a exploração intensiva dos recursos não é sustentável, tendo como principal consequência o desgaste dos solos, o desenvolvimento de doenças nas unidades de criação de gado e a contaminação de fontes de água potável, essencial para a nossa vida neste planeta.
Recentemente, o documentário BUGS (2016) realizado por Andreas Johnsen, exibido no Troibeca Film Ferival em New York, acompanha as experiências gastronómicas do Food Nordic Lab, uma ONG dinamarquesa que está a testar receitas gastronómicas que têm como ingredientes insetos.
Tendo em conta a riqueza nutricional destes “bichos” e a sua utilização em diversas comunidades Africanas, Sul-Americanas e Asiáticas, esta organização foi fundada em 2008 com o intuito de trazer os insetos para a nossa mesa.
A seu favor, a Food Nordic Lab tem o facto de os insetos existirem em grande abundância no nosso planeta e serem uma fonte de diversidade biológica e nutricional para a nossa dieta. A sua desvantagem é o esforço em convencer a população dos países ocidentais a ver os insetos como um alimento, tendo em conta o asco que estes nos provocam.
Contudo, ao ritmo atual de crescimento da população mundial e a consequente pressão sobre os produtores alimentares poderá forçar a soluções tão disruptivas como inauditas, evitando a todo o custo a extinção da humanidade neste nosso planeta.

luis.beato.nunes@gmail.com

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