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Alcains: Jovens e idosos partilham experiências

Lídia Barata - 15/02/2018 - 8:00

Miúdos e graúdos partilham vivências e cruzam atividades, uma parceria que tem dado frutos e une os alunos do Agrupamento e os idosos do Lar Major Rato.

 

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Jovens e idosos interagiram no lar e na escola

A necessidade de desenvolver um trabalho coletivo no ambiente escolar, incluindo a família no processo de ensino-aprendizagem, como parceiros e colaboradores, deu o mote ao "Nós existimos", um projeto que surgiu no ano letivo 2016/2017, no âmbito de uma parceria entre a turma do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF), do Agrupamento José Sanches e São Vicente da Beira, e o Lar Major Rato, em Alcains. A explicação é de Luís Marçal, do serviço de Psicologia e Orientação, que acrescenta que este projeto "visa estimular o crescimento dos alunos, fortalecendo os princípios na escola como solidariedade humana, respeito, valores, amizade, inclusão entre outros, desenvolvendo as competências sociais”.

Dando seguimento a este propósito, e uma vez que o êxito do projeto por tal que as instituições mantiveram esta articulação e exemplo de boas práticas, dia 31 de janeiro, os alunos do Agrupamento José Sanches e São Vicente da Beira foram recebidos no Lar Major Rato, tal como referiu a sua diretora técnica, Marta Tonel. "Recebemos os alunos integrados no projeto Regresso à Escola pela turma PIEF, que pretende sensibilizar os jovens para contatar com os mais idosos, valorizando assim as experiências e os ensinamentos dos mais velhos e desenvolvendo o espírito de partilha e solidariedade para com este grupo mais vulnerável da sociedade", sublinha. A turma foi recebida no Lar Major Rato pelo presidente da instituição, Mário Rosa, juntamente com a diretora técnica, tendo posteriormente tomaram contato com os idosos, junto de quem "fizeram uma recolha de saberes e modos de vida do seu passado". Nesta visita, "os alunos entrevistaram os mais velhos com o intuito de conhecer, através dos relatos na primeira pessoa, as suas histórias de vida. Desde a infância, passando pela juventude até à velhice, cursos de vida nem sempre fáceis, mas sempre repletos de ensinamentos. As brincadeiras, a escola, a família, as refeições, as carências, as lutas, as conquistas que a maioria dos idosos viveu no passado foram o ponto de partida para a aprendizagem dos alunos de hoje. E, todos perceberam que para ensinar não é necessário saber ler ou escrever. É preciso viver. E aos alunos bastou escutar. Escutar e valorizar o exemplo que estas pessoas representam que de imediato a aprendizagem acontece".

Esta visita foi retribuída dia 2 de fevereiro, com os idosos a regressarem à escola, onde foram recebidos pela direção e pelos professores ligados ao projeto. "Esta foi uma tarde muito animada, onde os idosos participaram em danças e jogos interativos com os alunos", acrescenta. Uma das professoras envolvidas, Sandra Morais, reitera que "nunca é tarde para (re)viver... Nunca é tarde para aprender. É tempo de partilha. Reviver o passado e aprender com as histórias dos mais velhos", sendo esta a ideia que deu o mote à atividade “Avós por um dia”, inserida no projeto Nós Existimos, da Secundária José Sanches de Alcains, que voltou a envolver os alunos da turma PIEF e idosos do Lar Major Rato. Os mais velhos regressaram à escola e ficaram maravilhados com a escola de hoje. "Tão diferente da escola do meu tempo”, diziam. E mesmo com os seus passos fossem lentos, os alunos acompanharam-nos aos vários espaços da escola. "A emoção do regresso estava no brilho do seu olhar e na sinceridade dos seus sorrisos. Adoraram ver-se retratados nas fotografias que recordam as atividades do ano anterior e, apesar das limitações, deram o melhor a dançar o malhão ou no jogo do lençol", refere a professora.

O encontro terminou com um lanche, que se destacou não por haver uma mesa farta, "e que contrasta com a escassez que muitos viveram no passado", mas pelo convívio e animação que todos partilharam. No final, em jeito de balanço, "ficou a sensação de que nós, escola, alunos e professores, recebemos muito mais do que demos. Os alunos deram um pouquinho do seu tempo e receberam histórias de vidas inteiras, sorrisos e abraços de gratidão imensa". Deste modo "procurou-se trabalhar para os valores da solidariedade, da cooperação, da entreajuda e, em simultâneo, para a aquisição de conhecimentos".

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