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As universidades séniores: O diálogo intergeracional

Luís Beato Nunes - 16/03/2017 - 10:33

Aulas de inglês, de música, de história, de geografia, de ciência ou de informática permitem à população sénior manter-se informada sobre os mais diversos assuntos.

Com o progressivo aumento da esperança média de vida e o preocupante declínio da taxa de natalidade o diálogo entre gerações é cada mais importante para garantir uma partilha de saberes fundamental para assegurar que muitas das nossas tradições não se perdem no tempo.
Contudo, este diálogo também é relevante para garantir um envelhecimento activo, prolongando o propósito da vida da população sénior, a qual pode partilhar o seu conhecimento com os mais novos e aprender com estes a adaptar-se às recentes alterações do nosso quotidiano promovidas pela utilização das novas tecnologias.
Nalguns concelhos do nosso país esta partilha entre gerações já é comum, melhorando a qualidade de vida da população sénior e ensinando os mais novos a respeitar a sabedoria acumulada pelos mais velhos.
Há igualmente outros concelhos onde o envelhecimento activo da população é apoiado em universidades séniores, onde as oportunidades de aprendizagem ajudam os nossos idosos a manter uma vida activa, ao mesmo tempo que muitos conseguem satisfazer as suas curiosidades sobre os mais diversos temas.
Aulas de inglês, de música, de história, de geografia, de ciência ou de informática permitem à população sénior manter-se informada sobre os mais diversos assuntos, num regresso à escola que os revitaliza após uma vida inteira de trabalho e muitas vezes sem tempo para investirem nestas áreas do conhecimento.
Porém, as universidades séniores podem ser complementadas com a possibilidade de as diferentes gerações interagirem, porque todas têm algo para ensinar e aprender, numa profícua partilha de conhecimento que contribuirá para o reforço dos laços da nossa comunidade e o civismo fundamental para uma harmonia social.
Mais do que responder às necessidades dos nossos idosos através da tradicional resposta institucional, é fundamental envolve-los no desenvolvimento das novas gerações, mostrando-lhes que a sua participação na construção dos valores das gerações futuras não é de somenos importância, pois podem e devem partilhar as suas experiências com os mais jovens.
Por outro lado, os que serão o futuro da nossa sociedade devem aprender com os sucessos e erros dos seus antepassados, podendo corrigir não o passado, mas o futuro, simplesmente ouvindo os conselhos e ensinamentos que os mais velhos podem partilhar, ao mesmo tempo que estes se sentirão valorizados por poderem influenciar o futuro dos mais jovens.
O diálogo intergeracional pode representar um reforço dos laços comunitários, sobretudo evitando a indiferença entre gerações, quer dos mais jovens face aos mais idosos, quer a condescendência paternalista destes face aos primeiros.
A colaboração entre gerações não é algo difícil de patrocinar e com ela poderíamos melhorar o espírito de entreajuda entre gerações, porque nem os erros do passado devem ser repetidos, nem os sucessos interrompidos apenas por arrogância ou simples desinteresse da sociedade civil.
Em suma, há actualmente várias iniciativas que promovem o envelhecimento activo da população, mas poucas ainda envolvem as diferentes gerações numa partilha profícua de conhecimentos, onde os laços comunitários saem reforçados, ao mesmo tempo que se reconhecem humildemente os erros do passado e se tenta construtivamente evitá-los no futuro num esforço conjunto intergeracional.

luis.beato.nunes@gmail.com

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