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Os ciclos criativos da economia

Luís Beato Nunes - 06/07/2017 - 10:10

Em 1956 Robert Solow, posteriormente galardoado com o Prémio Nobel da Economia em 1987, apresentou o primeiro modelo compreensivo sobre o crescimento económico, identificando as variáveis explicativas deste fenómeno que tanto intriga jornalistas, políticos e, na verdade, o comum dos mortais.
Segundo o modelo original de Solow (1956), a produtividade dos factores de produção era responsável por apenas um terço do crescimento económico, sendo o restante explicado por uma combinação do trabalho e do capital que incluía a aprendizagem e a inovação, sendo esta combinação apelidada de “resíduo de Solow”.
Tendo em conta que este “resíduo” era responsável por explicar os restantes dois terços do crescimento económico, a expressão encontrada pelos académicos foi, no mínimo, infeliz e inapropriada, mas reflectia o profundo desconhecimento sobre as variáveis fundamentais que explicam o crescimento económico.   
A produtividade dos factores de produção, o capital humano, a taxa de abertura da economia, a dimensão do mercado interno e a investigação científica foram algumas modificações que ajudaram a uma explicação mais integrada do modelo inicialmente apresentado por Solow.
Ao mesmo tempo que a teoria de Solow era desenvolvida por vários autores, outros académicos destacavam a figura do empreendedor, cuja importância tinha sido enfatizada por Schumpeter (1942).
Para estes académicos, o empreendedor era o responsável pelos ciclos criativos da economia, alavancando o crescimento em inovações disruptivas que permitiam ganhos de produtividade extraordinários e que nos catapultariam para novos estados de desenvolvimento.
O século passado foi profícuo em inovações tecnológicas desenvolvidas por mentes brilhantes, como Thomas Edison e Nikola Tesla, teorias que revolucionaram a nossa interpretação do mundo e do universo como as de Albert Einstein, Robert Oppenheimer ou Stephen Hawkings.
Para além do contributo destes génios singulares, é de destacar o desenvolvimento de ferramentas que alteraram por completo o nosso quotidiano, como o rádio, o telefone, a televisão, o computador, o telemóvel, entre outras. 
A história do século passado ficaria, ainda, incompleta sem referir os contributos de homens de negócios tão visionários quão controversos, como Henry Ford, os irmãos Wright, Giovanni Agnelli, Guglielmo Marconi, Howard Hughes, Enzo Ferrari, Ray Kroc, Donald Spector, Erik Erikson, Martin Cooper, Tim Berners-Lee, Steve Jobs, Bill Gates, Ingvar Kamprad ou Jeff Bezos.
A par destes nomes poderia continuar a enumerar dezenas de outras personalidades que revolucionaram o mundo em que vivemos com a extraordinária capacidade de adaptar meros conceitos teórico a ideias concretas de negócio.   
Apesar das receitas assertivas sobre políticas de crescimento económico, este fenómeno nem sempre é fácil de alavancar em decretos-lei e decisões exclusivamente de política económica, como o investimento público ou incentivos ao consumo privado.   
Em suma, parece cada vez mais evidente que o crescimento económico é multidimensional, assente numa combinação complexa de circunstâncias sociais e elementos individuais que acabam por antecipar as tendências futuras dos mercados.
Tendo em conta estas duas dimensões, muitos países tentam perceber quais as variáveis necessárias para replicar ambientes como Silicon Valley, nos EUA, o triângulo Paris-Amesterdão-Berlim, na Europa, Bangalore, na Índia, ou Singapura, no Extremo Oriente.

 

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