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Leitores: Assaltos em pleno dia. Impunidade: até quando?

António Abrunhosa - 08/06/2017 - 15:33

Castelo Branco, 7 de Maio, 4:30 da tarde, numa quinta à beira da estrada a um quilómetro de Castelo Branco.

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Castelo Branco, 7 de Maio, 4:30 da tarde, numa quinta à beira da estrada a um quilómetro de Castelo Branco.
Alguém, de um dos muitos carros que passam na estrada a essa hora, avisa as pessoas da quinta de que estão dois ciganos a atirar tubos de rega por cima do muro para um terceiro que os está a juntar do lado de fora. É chamada a GNR que chega ao local em menos de 10 minutos sendo que dois dos ciganos já fugiram e um terceiro entra calmamente para um carro branco pertencente a um conhecido personagem da cidade. Em tempos empresário, a ambição e a falta de escrúpulos levou-o a fazer um estágio na cadeia de onde saiu formado num negócio pelos vistos mais rentável: recetador de material roubado. O carro passa pelo jipe da GNR como se se tratasse de um passeio de fim de semana.
Castelo Branco, 5 de Junho, 13:30. Trabalhadores que reparam um muro almoçam calmamente quando ouvem um barulho na zona que estão a reparar. Só têm tempo de ver 2 rapazes passarem um gerador por cima do muro e correr atrás deles. Quando saltam o muro os rapazes já fugiram para uma propriedade ao lado, mas na fuga deixaram uma mota artesanal em que vieram.
Chamada a GNR, esta chega ao local, toma nota da ocorrência e toma posse da mota. Na conversa entre o pessoal da obra e os guardas alguém diz, na brincadeira, agora só faltava que viessem reclamar a mota.
Uma meia hora depois enquanto a GNR regista todos os dados do assalto falhado, aparece um jovem cigano que pergunta se não está ali uma mota que lhe roubaram há três dias, não se dando ao trabalho de explicar como é que, vivendo ele na cidade, segundo diz, soube tão depressa que a mota tinha aparecido ali 1 hora antes.
A história dava para rir se fosse um caso isolado e a prova da incompetência de uns aprendizes de ladrões. Infelizmente é todo o contrário. Vários aspetos do caso são surpreendentes senão assustadores.
O primeiro é o desplante. Já lá vai o tempo em que estes assaltos se faziam à noite, de preferência na lua nova. Agora fazem-se à hora de almoço e os objetos são roubados a trinta metros dos proprietários.
O segundo é a profissionalização. As autoridades sabem que grande parte dos objetos roubados têm um comprador, o referido cadastrado que em alguns casos já foi visto a levar os operacionais a buscar o que lhe interessa.
Outro ainda é o conhecimento das escapatórias da lei. Em muitos casos são usados menores, que sabem ter uma proteção legal maior.
Tudo isto acontece porque os assaltantes gozam de uma total impunidade, sabendo que, ao contrário de todos os outros cidadãos, raramente pagam pelos crimes que cometem.
Os Portugueses são, a seguir aos Espanhóis, os Europeus que mais contribuíram para a integração social dos descendentes atuais de nómadas que deixaram o Rajastan e o Punjab há 1500 anos, dos quais os primeiros chegaram a Portugal nos séculos XIV e XV. Durante séculos os Reinos Europeus e Ibéricos tentaram, com leis mais ou menos violentas, sedentarizar um povo
que não gosta de amarras continuando uma guerra que começou com Caim e Abel. Nas últimas décadas tentou-se o mesmo com bairros sociais, transportes escolares gratuitos e rendimento mínimo garantido, coisas que a maioria dos trabalhadores que ajudam a pagar tudo isso com os seus impostos nunca teve.
Durante esses séculos muitos ciganos tornaram-se profissionais exímios em algumas artes, comerciantes conhecidos e músicos com uma influência decisiva na música ocidental na clássica até ao jazz, havendo quem garanta que foram eles quem introduziu o violino no ocidente. Infelizmente continua a existir uma parte que insiste em confirmar o preconceito que levou a que a palavra árabe que designa cigano se traduza por ladrão. De caminho conseguiram que muito ladrão payo (nome dado pelos ciganos a quem não o é) roube alegremente fazendo-se passar por cigano. Aliás o caso de Castelo Branco é paradigmático com muito do material roubado a ser comprado por um payo bem conhecido. São eles quem ameaça de pancada professores que tentam controlar miúdos desaustinados, exigem passar à frente de todos os doentes nas urgências dos hospitais e chegam a ameaçar funcionários de organizações de assistência.
São eles quem levou a que o Presidente Hollande assistisse à revolta de mais uma dezena de Presidentes de Câmara socialistas em França que inverteram a politica de acolhimento do Governo e exigiram a expulsão dos acampamentos ciganos das suas periferias. Por causa deles na Hungria e na Grécia bandos de extrema direita incendiaram acampamentos de ciganos e os partidos de extrema direita em toda a Europa usam os ciganos como tema central dos seus programas xenófobos.
Há em Castelo Branco e nos Concelhos à volta centenas senão milhares de pessoas que têm pequenas quintas que herdaram ou compraram e onde mantêm pequenas hortas ou pomares que os ajuda a diminuir o stress dos seus empregos e contribuem para o orçamento familiar. Poucos há a quem não tenham já roubado motores de rega, bombas, alfaias, ferramentas, motores, PTs, motocultivadores, instalações elétricas, tubos de rega e por aí fora. Em zonas onde há duas décadas se deixava a porta da casa aberta não há hoje portão que resista. Mesmo nas cidades o roubo de baterias ou de gasolina tornou-se já quase um hábito.
A atual impunidade de que gozam estes assaltantes bem conhecidos das autoridades tem de acabar. Vêm aí eleições autárquicas. Será bom que os candidatos às Câmaras do distrito expliquem claramente o que pensam fazer para conseguir que os seus cidadãos durmam descansados e não tenham de copiar os seus colegas da América Latina que têm de pôr grades de ferro em tudo o que é porta ou janela até ao 4º andar.

 

 

 

COMENTÁRIOS

Fernanda Ribeiro
à muito tempo atrás
Não sei porquê, mas os ciganos nesta cidade são melhor tratados pelas autoridades e pelos nossos representantes, que o resto do Zé Povinho. É por isso que é vê-los por aí espalhados pela cidade sem fazerem nada e a aparecerem cada vez mais....... Por que será???????????