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Leitores: Barragem do Alvito- Câmara de Proença, Fale curto e grosso

Francisco Gonçalves - 14/06/2018 - 9:42

Desde 2003 que o Reconquista tem publicado alguns textos de minha autoria e nos quais elenquei vantagens da construção da Barragem do Alvito para o desenvolvimento da região.

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Desde 2003 que o Reconquista tem publicado alguns textos de minha autoria e nos quais elenquei vantagens da construção da Barragem do Alvito para o desenvolvimento da região. Além de mim outras pessoas e entidades veicularam ao longo do tempo ideias no mesmo sentido, conseguindo-se sensibilizar o poder executivo para que a construção tivesse lugar.
Como todos saberão, o anteprojecto desta barragem tem mais de 65 anos e sempre foi considerado estruturante não só para a Beira Baixa mas também para a viabilidade do Alqueva.
A construção da barragem sempre esteve centrada na retenção das águas da Ribeira do Alvito que se situa no concelho de Proença-a-Nova. Porém, no decorrer do estudo de impacto ambiental em 2007/2008 os anteriores presidentes das autarquias de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão “agarraram-se” aos vestigios arqueológicos das Portas de Vale Mourão e influenciaram de tal modo o estudo que a Ribeira do Alvito foi excluida do projecto mantendo-se o nome apenas por ser emblemático. 
Aqueles autarcas ficaram radiantes, só que se esqueceram de avaliar a viabilidade económico-financeira do projecto aprovado e, quando isso aconteceu, a execução da barragem foi primeiramente suspensa e, depois, cancelada por não reunir os rácios exigiveis. Nessa altura todos deitaram as mãos à cabeça. Era tarde.
Face a esta realidade, fiquei espantado ao ler na edição do Reconquista de 7 deste mês (Jun2018) uma noticia com direito a titulo em parangonas e chamada de primeira página “C. Branco e Ródão juntos pelo Alvito”. 
As referidas autarquias são as únicas e exclusivas responsáveis pela não construção da barragem e passado este tempo os presidentes sucessores não aprenderam nada? Persistem no erro de se assumirem como protagonistas em bicos de pés, ostracizando o concelho de Proença-a-Nova que é a peça fulcral para reverter o cancelamento.
Devo também criticar o jornalista redactor da noticia pois, represtina uma noticia do jornal Publico em que o Presidente da Associação Portuguesa  de Distribuição e Drenagem de Águas enfatiza a necessidade das barragens do Alvito e Girabolhos para a reserva de águas mas, não faz qualquer menção à entrevista que o Engº Mário Samora, personalidade de reconhecido mérito internacional, deu ao DN no dia 24 de Maio de 2018 no âmbito do ciclo de entrevistas e debates “Agricultura Mais Forte”. Cito apenas o que expressou sobre o tema que venho comentando:
“Barragens no Tejo e no Vouga são uma prioridade”;
“A unica maneira de nos tornarmos independentes de Espanha é construir a barragem para o grande aproveitamento do Alvito”;
“Neste momento, aquilo que impede o avanço do Alvito é que a albufeira iria meter debaixo de água uma área que é considerada um geoparque, com afloramento rochosos....uma questão cénica, preciso dizer mais alguma coisa?”. Fim de citação.
Como constatamos, estes destaques são o suficiente para reduzir  a pó todo o protagonismo dos anteriores e actuais presidentes das autarquias de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão.
Para termos noção da importância da Ribeira do Alvito, importa dizer que com as chuvas deste ano, as águas inundaram os terrenos das margens atingindo um nivel de cheia não visto há várias décadas tendo até “cortado” caminhos e estradas de acesso a aldeias existentes nas imediações das mesmas margens.  Perguntar-se-à, o que foi feito com essas águas, perderam-se! Tal como outrora no Alqueva.
Então o que é preciso fazer? 
É preciso que, o mais depressa possível, o Presidente da Câmara de Proença-a-Nova dê uma conferência de imprensa onde “Fale curto e grosso” para pôr na ordem os seus colegas de partido, presidentes das câmaras de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão, demonstrando-lhes que para a Barragem do Alvito ser construida é imprescindivel a Ribeira do Alvito, contráriamente, ao que eles têm veiculado e persistem em fazer como demonstrei à sociedade.
A conduta dos referidos autarcas constrasta com o programa “Unidos pelo interior” onde todos falam de solidariedade e empenho conjunto para implementar as propostas apresentadas ao Governo pelo Movimento do Interior; como se pode ler na mesma edição do Reconquista. Curioso.  
Uma última achega. No projecto inicial da Barragem do Alvito previa-se que 
• se a construção fosse pela cota mais alta a albufeira seria a maior da Europa;
• se  fosse pela cota intermédia – a mais provável - seria a 2ª maior, sendo que em ambos a albufeira ficaria, maioritariamente, no concelho de Proença-a-Nova e o restante no de Castelo Branco.
Porém, no projecto aprovado, incluido no Plano Nacional de Barragens e, posteriormente cancelado, a albufeira abrangeria apenas os concelhos de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão e não tinha escala.
Depois destes anos todos e do que acima deixo dito, talvez, percebamos todos melhor o porquê de certas coisas. Uma mentira muitas vezes repetida não se converte em Verdade mas, esta vem sempre ao de cima como o azeite – “Pode tardar, mas chega”.
Como diria o outro, “Estúpido, é a Ciência”.


 

NOTA DE REDAÇÃO: Nada do que vem publicado na notícia em causa é mentira. Foram ouvidos os autarcas dos concelhos abrangidos pela barragem do Alvito, tal como ela foi concessionada à EDP, os quais prestaram as declarações que entenderam ao nosso jornal. É assim que deve ser, com rigor, dando voz aos que estão diretamente ligados ao processo tal como ele foi finalizado e inscrito no Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico. Nada mais. Toda a notícia foi produzida e escrita pelo jornalista do Reconquista, o qual entendeu recordar, em poucas palavras, aquilo que pensa o presidente da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas sobre a importância da barragem em causa. Certamente que há muitos outros especialistas, e não especialistas, a abordar esta matéria e, se fossemos por esse caminho, as páginas do jornal não seriam suficientes. Mas, também é por isso que somos jornalistas e tomamos as nossas opções. Quanto às considerações políticas são as suas e nada temos a comentar.

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