Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Castelo Branco: Belar. Cinco décadas de bem servir no centro da cidade

José Júlio Cruz - 17/08/2017 - 10:00

As memórias de uma cidade passam pelas ruas, pelos cafés, pelas empresas, pelas vidas dos homens e mulheres que as ergueram. A Belar é um bom exemplo.

Partilhar:

A imprensa da época assinalou a abertura da Belar. Imagem cedida pelo proprietário

Há mais de meio século, precisamente no dia 29 de novembro de 1964, abria em Castelo Branco a Pastelaria Belar. Uma casa de prestígio que perdurou até aos dias de hoje e que, é justo dizê-lo, sempre foi muito mais do que o nome indica, sempre foi muito mais do que uma pastelaria. A atestar pelo menu que disponibilizou logo no dia inaugural e que manteve durante muitos e bons anos, pode verificar-se isso mesmo. Uma carta digna de um bom hotel ou restaurante de renome.

Para além das suas caraterísticas próprias inerentes ao serviço que presta e que dela fizeram e fazem uma casa de referência bem no coração da cidade, por onde passaram ao longo das últimas décadas muitas das personalidades que ajudaram a fazer a história da cidade albicastrense e do país, a Belar tem outra singularidade que levou o Reconquista até lá no decorrer desta semana: O atual proprietário, que sucedeu no leme da casa aos fundadores, está ali a trabalhar há 50 anos. Cumpriu esta efeméride precisamente no início deste mês de agosto.

Contudo, como pessoa discreta que é, pediu para que dele não se fizessem grandes referências nem se tirassem fotografias e, "se o jornalista assim o entendesse, se fizesse apenas uma referência à Belar", como fez questão de frisar. "Tomamos aqui um lanchinho os dois, como bons amigos, não refira o meu nome nem me tire fotos, eu não sou importante, o que importa aqui é a casa, é ela que merece o destaque, se assim o entender", disse. Acedi, consciente de que a história da Belar fica mais pobre sem a história de um homem que nasceu há 74 anos na localidade de Moinhos da Ribeira (Cernache do Bonjardim) e que desde muito cedo, moço com uma dúzia de anos, abraçou para sempre este ramo profissional como o seu estilo de vida, primeiro num café da região que o viu nascer e mais tarde em Castelo Branco. Uns anos no Canadá não fizeram dele emigrante, foram apenas mais uns passos na carreira e na vida.

Desde 1967 como funcionário da Belar e desde 1982 como proprietário (em sociedade com a esposa), lembra que a casa abriu há 53 anos por iniciativa de uns senhores que tinham vindo da Pastelaria Rosel, da qual já tinham sido fundadores com outros familiares, uma das outras grandes referências da altura em Castelo Branco e que perdurou também durante muitas décadas naquela que é hoje a alameda da Liberdade.

A Belar está instalada desde sempre na avenida 1.º de Maio que, na altura em que a casa foi inaugurada, se designava por avenida 28 de Maio. A própria imprensa da época noticiava a abertura como "o acontecimento mais relevante durante a semana finda na nossa cidade", destacando que este "é um estabelecimento que ficaria bem em qualquer capital".

E o certo é que ainda hoje isso é verdade. Até as próprias organização e arquitetura do espaço interior se mantêm modernas e funcionais, nos seus dois pisos, apesar dos anos que já passaram. Ali, pouco ou praticamente nada mudou, se excetuarmos logicamente os equipamentos.

 

QUALIDADE Na altura em que abriu, o proprietário Antero Correia publicitava nas páginas dos jornais "mais um elemento ao serviço do turismo da nossa cidade, com secções de Pastelaria, Restaurante, Snack Bar e Salão de Chá". Caraterísticas que a casa não perdeu.

Em termos de restaurante a oferta é menor nos dias de hoje, mas a qualidade e o serviço esmerado são uma marca inabalável. Um bom prego, um bom bife, uma boa bifana continuam a ser refeições muito apreciadas, tal como as excelentes sopas, as omeletes e as saladas. "Quem nos visita aprecia muito as refeições, os combinados n.º 1 e n.º 2 fazem as delícias de nacionais e estrangeiros que por cá passam e quem por aqui faz uma refeição, volta sempre", sublinha com orgulho aquele que há 50 anos está ao leme da Belar.

O lanchinho que partilhámos fez jus a todas as histórias e à imagem de marca que a casa guarda nas suas memórias e que as pessoas que por ali passaram ao longo das últimas décadas certamente também levaram consigo. Para quem conhece, é sempre bom voltar, para quem não conhece importa descobrir.

COMENTÁRIOS

Maria Albuquerque
à muito tempo atrás
Pela Belar, passaram os melhores tempos da nossa juventude.
Saudades
João Alberto Bentes
à muito tempo atrás
Eu estava lá.
Sempre bom serviço e de qualidade!
Conheço o seu dono desde as bombas de combustível do Montalvão nos anos 60.
António Sequeira Mendes
à muito tempo atrás
Sem dúvida uma casa que está e ficará no meu coração para sempre.Passei lá muitas horas da minha passagem de estudante por Castelo Branco.Tenho saudades daquele tempo...sempre que posso volto lá...,mas já sinto uma certa nostalgia quando lá estou e penso nas pessoas que por ali passaram e já não estão entre nós...como os meus amigos e a minha Mãe que muito tempo lá passou no final de vida dela...enfim é a vida....
marcelino
à muito tempo atrás
Belos tempos em que lhe chamava , por graça, " o escritório "
jmarques
à muito tempo atrás
BELAR!!!
Belas recordações... entre elas, a juventude.
Qualidade e simpatia, espaço muito acolhedor, só não o frequentava mais, porque há cinquenta anos o dinheiro não abundava no bolso dum adolescente pobre.