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Bikedrone: Expedição cumprida… e desencanto por falta de apoios

Daniel Machado - 30/06/2017 - 16:26

Estou em Castelo Branco. Foram quase 3 mil km desde que a 9 de abril parti da cidade inglesa de Loughborough.

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Praticante de touring já está em Castelo Branco, depois de mais de 3 mil km de bicicleta

Estou em Castelo Branco. Foram quase 3 mil km desde que a 9 de abril parti da cidade inglesa de Loughborough. Andei com andamentos próximos dos que fiz em Marrocos. Sentia-me confortável a fazer até 80 km diários. Em relação à expedição anterior melhorei, sobretudo, ao nível dos aspetos de logística e de sofisticação. Diria que me tornei mais profissional. Apesar da falta de apoios!

Em Espanha… senti-me camionista. Perdi uns bons quilos, com temperaturas de 39 graus. Entre Burgos e Salamanca, tive de socorrer-me do comboio em Palência. Estava a ser extremamente duro fazer os quilómetros necessários por dia, num caminho em terra batida ao longo da autoestrada, muito movimentada por camionistas. Parava onde eles paravam, tomava banho onde eles tomavam, comia onde eles comiam. Cheguei a sentir-me mais camionista que atleta de cicloturismo. Por isso, apanhei o comboio. O que não é tarefa fácil, porque nunca se sabe bem em Espanha se o próximo comboio leva bicicletas montadas. Tive de parar em Valladolid, fui para Medina del Campo (passei uma noite na estação)…

Segui para Salamanca, onde cortei o cabelo rente, com medo de mais carraças.

Por ser a principal entrada em Portugal por terra, em Vilar Formoso senti-me, mais uma vez, camionista. Na noite anterior, acampei numa localidade com nome algo cinematográfico e lendário: Sanctis Spiritus.

Os 30 km entre Vilar Formoso e a Guarda foram complicados. Uma empreitada. Sem bateria nos telemóveis, consciente do desgaste da bicicleta e do físico. Muito calor. Subir para a cidade egitaniense foi das piores subidas que apanhei em quase 3 mil km. Mas depois foi fácil descer até à Covilhã! Onde apanhei o comboio até Castelo Branco.

Sombras e Árvores Conversadoras é o título desta expedição. A certa altura passei por uma floresta a ouvir U2. Passava “Shadows and Tall Trees”, música que ouvi muito quando vivi no Porto. Confesso que enquanto pedalava cantava Shadows and Talk Trees. Só agora, ao juntar o material reparei que não é Talk, mas sim Tall. Apreciei o trocadilho e tentei fazer o mesmo em Português.

P.S Daniel Machado é um praticante de touring. Esta sua expedição, relatada semanalmente no Reconquista, teve como objetivo preparar uma Volta ao Mediterrâneo em bicicleta. O albicastrense procura parcerias com empresas da região que se interessem pelo seu projeto. Não esconde algum desencanto “quando vejo outros colegas com apoios das respetivas regiões, com muito menos daquilo que planeamos”, desabafa.

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