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Castelo Branco: História do último moleiro do Ocreza vai ao Brasil

João Carrega - 13/02/2018 - 15:45

A curta metragem da autoria de Carlos Matos e Paulo Vinhas Moreira foi selecionada para o Fórum Mundial da Água.

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Paulo Vinhas e Carlos Matos são os autores da curta-metragem

 

O filme "O último moleiro do Rio Ocreza", uma curta metragem documental da autoria de Carlos Matos e Paulo Vinhas Moreira, professores em Castelo Branco, numa produção da M42, foi selecionada para representar Portugal no Fórum Mundial da Água que decorre na capital do Brasil (Brasília) de 18 a 24 de março.

O filme, de cinco minutos, conta a história de «Ti» Diogo que em 2008 era o único moleiro vivo e no ativo no concelho de Castelo Branco e será projetado no Pavilhão de Portugal. Esta curta foi realizada no âmbito do projeto “Portugal Rumo a Brasília 2018” e do Festival CineEco, promovido pelo Município de Seia.

A curta metragem recupera as entrevistas feitas em 2008 por Carlos Matos. O «Ti» Diogo era na época o último dos moleiros do Rio Ocreza, onde nos bons velhos tempos chegaram a existir 200. As 25 horas de gravação e de imagens recolhidas na altura, deram lugar a um documentário de cerca de 20 minutos, onde é contada toda a história de um espaço mítico, onde num percurso de mil metros havia cinco ou seis moinhos. Esse foi o ponto de partida para a realização da curta metragem, com apenas cinco minutos.

"Quando surgiu a possibilidade de participar neste desafio, a nossa ideia foi compactar esse trabalho em cinco minutos. Sabendo que o tema era a água, tentámos ligar a sua ausência com a ausência (atual) do moleiro. Tivemos o cuidado de ir novamente aos locais, revisitá-los e recolher novas imagens. Deste modo conseguimos ter planos em que aparece o «Ti» Diogo e outros, idênticos, já sem ele. O resultado destes cinco minutos de documentário é a passagem do tempo na ausência das pessoas", explica Paulo Vinhas Moreira.

HISTÓRIA A água é um elemento sempre presente, como som de fundo, ou através de imagens. As gravações foram efetuadas dentro do moinho e junto ao rio, com muitas horas e muitos dias de entrevistas com aquele, que aos 88 anos era o único moleiro do Rio Ocreza. Era no seu moinho, situado junto à ponte sobre o Ocreza (estrada que liga Castelo Branco ao Salgueiro do Campo), que vivia por opção própria e de uma forma muito simples.

"Rapidamente o documentário passou a ser sobre alguém que sabia que era o último na sua arte", explica Carlos Matos, para recordar que o "Ti Diogo vivia num dilema. Por um lado não queria sair dali, pois tinha consciência de que não se adaptava à vida urbana. Por outro, tinha receio de que tudo aquilo desaparecesse. Facto que não aconteceu, pois o seu filho preservou o espaço".

A seleção da curta metragem para o Fórum Mundial da Água é para Carlos Matos e Paulo Vinhas Moreira motivo de satisfação. "Esta é também uma forma de promovermos a nossa região. Apesar do território não ter gente, os locais onde estão os moinhos são de uma beleza extraordinária", referem.

Mas para Paulo Vinhas Moreira e para Carlos Matos "o maior prémio é podermos levar o «Ti» Diogo, que se fosse vivo tinha 98 anos, a esse evento e ao pavilhão de Portugal".

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