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Cata Ventos: Curtos circuitos pela cidade

Costa Alves - 24/11/2016 - 9:53

CORETOS Custa-me que Castelo Branco os tenha esquecido. Muitos dos que resistiram por esse país são, hoje, belíssimos exemplares de arte pública. Durante décadas e décadas, reuniam pessoas em festa e espalhavam música pelas ruas. Não havia telefonia nem televisão. Integradas em associações culturais e recreativas, as bandas filarmónicas contornavam os modelos da arte erudita e convocavam encontros em vários sítios, praças, parques e jardins em torno do coreto praticando e simbolizando, encontro, reunião, circularidade. Há coretos que são mais do que sinais de um tempo acontecido; são belíssimos exemplares de arte pública. Castelo Branco também os possuía. O do Passeio foi derrubado pelo tornado de 6 de novembro de 1954 e qualquer ideia de o revivificar, se existiu, nunca se consumou. O do Parque da Cidade foi intencionalmente demolido há uns anos. Esquecido, apenas tolerado, subsiste o da ermida da Senhora de Mércules.

CHAFARIZES Pelo contrário, a cidade valorizou os muitos chafarizes que também povoavam as quintas que a rodeavam. A exemplo dos coretos, os chafarizes são documentos (alguns belíssimos) da vida de um tempo mudado mas permanecem como memória de funções em torno da água numa cidade que precisa de a ver e ouvir. Valorizou-os mas continua a desprezar o primeiro chafariz edificado fora das muralhas no século XVI. É uma obra de elevadíssimo interesse histórico e cultural e, apesar de tantas promessas, continua desenquadrado e deteriorado como se fosse uma ninharia.

BICICLETAS O Instituto Politécnico de Beja (IPB) vai disponibilizar aos seus alunos 200 bicicletas; 80 elétricas e 120 convencionais. Trata-se de uma iniciativa baseada numa parceria entre o IPB e a autarquia. Não sei se o projeto (finalmente!) de criação de uma rede de mobilidade velocipédica em Castelo Branco contempla medidas de incentivo desta natureza.

“VALE DA EUROPA”? Reza a notícia que (cito) “Castelo Branco vai ser palco de mais um concurso de ideias, desta feita para que seja projetada a intervenção que futuramente será efetuada no chamado Vale da Europa” que conflui entre as avenidas da Europa e de Espanha. “Chamado Vale da Europa”? “Chamado” por quem? A sério (não “à séria”!): não sei se a zona tem topónimo e não sei se os jornalistas ou os decisores se deram ao trabalho de procurar saber. Julgando que não, só têm uma coisa a fazer: investigar. Chega de “Docas” e de mais “Europas” vindas de um provinciano pseudo-cosmopolitismo. Se não tem nome, pense-se uma, duas vezes, as necessárias para uma boa decisão. Que não seja a imprensa a fazê-lo; e sobre o joelho.

ALBUFEIRA DE SANTA ÁGUEDA O ministério do Ambiente é um mistério. Não fala, não dialoga, não age, não vive publicamente os problemas do ambiente. Deixa que seja o silêncio a acolher os episódios de poluição que vão sendo denunciados. Vejam os casos prementes do Tejo, do Almonda, da ribeira da Boa Água, do rio Criz. Só responde quando não pode deixar de o fazer, como é o caso da Assembleia da República; mas nunca com consequências. Não investiga, não intervém, não informa, só reage quando não pode deixar de reagir e, pior, não faz cumprir a lei. O mesmo se passa quanto à situação da albufeira de Santa Águeda. Uma situação com dois anos de arrastamento numa barragem cuja função principal é o abastecimento de água. E nem sequer se prontifica a rever, após 10 anos de vigência, o Plano de Ordenamento a que a lei o obriga desde junho do ano passado.

mcosta.alves@gmail.com

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