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Tópicos para reflexão eleitoral (III) - O Museu Cargaleiro

Costa Alves - 21/09/2017 - 9:37

Não sou museólogo nem tenho cultura para poder refletir publicamente sobre a proliferação, que por aí vai, de museus, espaços expositivos e centros de interpretação. Em teoria, o muito pode traduzir-se em pouco, em vulgaridade e banalização; ao contrário, pode ter substância, fervilhar   diversidade e chamar mais públicos. Não conheço o fundamento da opção do poder político, mas sei que deveria ser divulgado e avaliado.
Entremos no Museu Cargaleiro. Criado em 2005 no Solar dos Cavaleiros, o espaço expositivo foi alargado, em 2011, para um novo edifício. Mesmo assim, é muito pequeno para tão extensa e diversificada obra. E, passados seis anos, lá temos a mesma exposição; sempre a mesma. Belíssima, mas pouca para tanto Cargaleiro que há. 
Com um acervo de milhares de obras armazenadas em Castelo Branco, seria obrigatório que o Museu fosse renovando o que expõe. Que dizem os candidatos às eleições autárquicas? E também não se perguntam por que razão Castelo Branco não funciona como cidade referencial da obra de Manuel Cargaleiro? E por que não circula no país?
Igualmente em foco, a constatação da falta de dados sobre visitantes. É importante conhecê-los.  Não só as médias mensais ao longo dos anos mas também a sua distribuição por faixas etárias, locais de nascimento, residência e nacionalidades - se forem turistas. E interessará conhecer os dados relativos ao número de visitantes que vivem no concelho e nas cidades mais próximas. É preciso saber aonde chega e com quem comunica para determinar o que deve alterar para melhorar e atingir os objetivos.
Num sistema democrático, é necessário que os dados tenham acesso público, possam ser avaliados e produzir interações entre o pensamento público crítico e as instituições. Assim, haverá mais e melhor desenvolvimento. Esta exigência aplica-se, além de outras instituições, ao Museu Francisco Tavares Proença (MFTPJ) e ao Centro de Cultura Contemporânea (CCCB), que também não os disponibilizam.
Como o Museu Cargaleiro não sai à rua para se mostrar e suscitar (re)conhecimento do que é e faz, presumo que a cidade não está com ele nem lhe atribui a também importante função de projeção nacional da cidade. Vejam que em 12 anos de existência em Castelo Branco nunca se realizou publicamente fosse o que fosse: encontro(s) com o artista, debate(s) de especialistas e até uma exposição no CCCB que tão precisado está, igualmente, de uma pedagogia e um projeto de cultura contemporânea. Já nem falo de iniciativas mais estruturadas e ambiciosas, como por exemplo a realização (anual?) de uma semana, ou uma quinzena, dedicada à obra do artista.
Também registo que tanto o Museu Cargaleiro como o MFTPJ não têm um profissional na sua direção. É básico. Os museus que possuem energia cultural são liderados por pessoas do ofício. Castelo Branco não sabe aproveitar o Cargaleiro que tem. Nem, diga-se de passagem, do muitíssimo que o MFTPJ guarda.
Que dizem os candidatos às eleições? É que não trabalharam estes assuntos nos quatro anos de legislatura municipal em que poderiam ter promovido, com apoio de especialistas, uma reflexão pública sobre estas problemáticas. E, se porventura o quiserem fazer na semana que resta, por favor não o façam à maneira do paupérrimo debate televisivo que nos proporcionaram. Vá lá, tratem de problemas concretos e tragam elevação, substância e conhecimento; não levem conversas de charme à feira dos enganos.
mcosta.alves@gmail.com

COMENTÁRIOS

João Manuel Diogo
à muito tempo atrás
Os meus parabéns a Costa Alves autor do artigo........O Museu Cargaleiro........pela qualidade e lucidez do seu artigo............que toca em diversas feridas da chaga museológica que existe em Castelo Branco.....Costa Alves não é museólogo.... mas eu sou museólogo\conservador de museus e como profissional com formação e experiencia na área ......e como Costa Alves com raízes familiares em Malpica do Tejo...fui recebido a meu pedido pelo actual Presidente da Camara de Castelo Branco Dr.Luis Correiaá cerca de ano e meio no sentido de lhe dar conhecimento da minha disponibilidade e interesse em trabalhar em Castelo Branco na área museológica e dessa forma poder concretizar um sonho que sempre tive de poder desenvolver um trabalho de qualidade nesta minha área profissional numa terra e numa região que também é a minha.....a pedido do Dr. Luis Correia fiz-lhe chegar o meu crriculum vitae para que o pudesse conhecer e analisar .........passado mais de ano e meio mais nada me foi dito....

Gostaria de deixar meus contactos para eventuais contactos sobre esta questão dos museus em Castelo Branco pois muito há a dizer e a fazer considerando o actual panorama museológico no concelho.....

PARA EVENTUAIS CONTACTOS

JOÃO MANUEL DIOGO

MAIL-joaomanuel.diogo1@gmail.com
telemóv-936284651