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CDS: Candidato à câmara de Castelo Branco deixa partido em rotura com Cristas

Reconquista - 09/04/2018 - 15:36

José Pedro Sousa sai em conflito com a presidente do CDS, acusando Assunção Cristas de ter ignorado a concelhia nos últimos anos.

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José Pedro Sousa foi candidato à câmara albicastrense em outubro de 2017. Foto arquivo Reconquista

O candidato do CDS à Câmara Municipal de Castelo Branco nas últimas eleições autárquicas demitiu-se da concelhia do CDS de Castelo Branco e deixou o partido.

José Pedro Sousa sai em conflito com a presidente do CDS, acusando Assunção Cristas de ter ignorado a concelhia nos últimos anos.

“Em 2017, ano de eleições autárquicas, Assunção Cristas não teve a bondade de se deslocar a Castelo Branco para estar com a sua população, acompanhar os autarcas locais e apoiar as diversas candidaturas autárquicas do CDS no distrito (à exceção da candidatura do vice-presidente do partido Adolfo Mesquita Nunes na Covilhã, o que fez pelo menos por duas vezes)”, diz o antigo candidato à câmara numa carta aberta em que expõe as razões desta demissão.

A presidente do CDS esteve em Castelo Branco no final de março para uma sessão sobre o interior e o território, dando ainda posse à nova concelhia do CDS, da qual José Pedro Sousa também fazia parte.

Mas para o antigo candidato antes disso “Assunção Cristas não teve a bondade de alguma vez se deslocar à cidade, concelho e distrito de Castelo Branco para ver e ouvir o interior”.

“Para estas eleições a direção do partido decidiu que a presidente do partido iria visitar todas as capitais de distrito, e estar, ouvir e apreciar a sensibilidade dos candidatos autárquicos locais e apoiar as respetivas candidaturas. Pois o facto é que Assunção Cristas não teve a bondade de visitar Castelo Branco, que é capital de distrito, não tendo as candidaturas locais merecido qualquer apoio da sua presidente”, lamenta José Pedro Sousa.

A visita recente “resulta, agora, pouco genuína e muito oportuna”.

“Como albicastrense (de coração e por adoção), e por lealdade para com a cidade e região que tão bem me soube acolher, entendo que Castelo Branco merece outro respeito e consideração. Castelo Branco não pode ser lembrado apenas e aquando dos períodos eleitorais e por que fica bem ficar na fotografia com o “pobrezinho””, acusa.

 

A carta aberta de José Pedro Sousa a Assunção Cristas

 

AINDA SOBRE A RECENTE VISITA DE ASSUNÇÃO CRISTAS A CASTELO BRANCO. UMA VISITA POUCO GENUÍNA E MUITO OPORTUNA. E DUAS OU TRÊS RAZÕES PELAS QUAIS SAIO DO CDS. UMA QUESTÃO DE (FALTA DE) RESPEITO E EDUCAÇÃO.

Vem este escrito a propósito da recente visita da presidente do CDS Assunção Cristas a Castelo Branco com o propósito de “Ouvir Portugal”.

Sobre tal visita não posso deixar de tecer algumas considerações que julgo pertinentes e que na minha modesta opinião justificam uma reflexão.

Assunção Cristas foi eleita presidente do CDS há pouco mais de dois anos no congresso de Gondomar.

Neste período de dois anos Assunção Cristas não teve a bondade de alguma vez se deslocar à cidade, concelho e distrito de Castelo Branco para ver e ouvir o interior.

No último ano, em que Castelo Branco foi um dos distritos mais fustigado pelos incêndios no que concerne a área ardida, com 38.962 hectares, representando cerca de 18% do total, Assunção Cristas não teve a bondade de se deslocar e visitar Castelo Branco para se inteirar da situação e ouvir as populações afetadas.

Em 2017, ano de eleições autárquicas, Assunção Cristas não teve a bondade de se deslocar a Castelo Branco para estar com a sua população, acompanhar os autarcas locais e apoiar as diversas candidaturas autárquicas do CDS no distrito (à exceção da candidatura do vice-presidente do partido Adolfo Mesquita Nunes na Covilhã, o que fez pelo menos por duas vezes).

Para estas eleições a direção do partido decidiu que a presidente do partido iria visitar todas as capitais de distrito, e estar, ouvir e apreciar a sensibilidade dos candidatos autárquicos locais e apoiar as respetivas candidaturas. Pois o facto é que Assunção Cristas não teve a bondade de visitar Castelo Branco, que é capital de distrito, não tendo as candidaturas locais merecido qualquer apoio da sua presidente.

e quando se aproximam as eleições legislativas, Assunção Cristas resolve fazer uma tournée pelo país e, mais de dois anos depois de ter sido eleita, visita pela primeira vez Castelo Branco sob o lema “Ouvir Portugal”.

Visita, esta, que, resulta, agora, pouco genuína e muito oportuna.

Aliás, se a finalidade era “Ouvir Portugal” certo é que não há registo de nenhuma instituição de Castelo Branco ter sido ouvida para o que quer que seja, com a agravante de na mesma se encontrarem sediadas Instituições do Ensino Superior com professores e investigadores das mais diversas áreas científicas e com um conhecimento aprofundado da região. Assunção Cristas vir agora dizer que o interior é uma prioridade convenhamos que tem o seu quê de irónico.

Como albicastrense (de coração e por adoção), e por lealdade para com a cidade e região que tão bem me soube acolher, entendo que Castelo Branco merece outro respeito e consideração.

Castelo Branco não pode ser lembrado apenas e aquando dos períodos eleitorais e por que fica bem ficar na fotografia com o “pobrezinho”.

Mais, e no que se refere a eleições e candidaturas,

Em 2009, por convite do então líder da Comissão Política Concelhia de Idanha-a-Nova, encabecei a lista do CDS, como independente, nas eleições autárquicas à presidência da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.

Nessas eleições tornei o CDS, que concorreu em listas próprias, na terceira força política do concelho, fiz eleger um deputado municipal e contribui para a eleição de três outros membros para as Assembleias de Freguesia.

Nas eleições autárquicas seguintes, em 2013, por convite da então Comissão Política Concelhia, liderei a lista do CDS à Assembleia Municipal de Castelo Branco, mais uma vez em listas próprias, e para a qual fui eleito e onde desempenhei as funções de deputado municipal durante 4 anos, tendo igualmente contribuído para a eleição de três outros membros para as Assembleias de Freguesia.

Por último, e novamente por convite da respetiva Comissão Política Concelhia, encabecei a lista do CDS à presidência da Câmara Municipal de Castelo Branco, também aqui em listas próprias, e não obstante não ter conseguido o objetivo de tornar o CDS a terceira força política do concelho (à semelhança do que havia sucedido em Idanha-Nova), a minha candidatura subiu a votação do partido relativamente às pretéritas eleições de 2013, à exceção de Adolfo Mesquita Nunes na Covilhã e juntamente com o Fundão foi a melhor votação do CDS no distrito, ficou bem acima da média nacional do CDS que não passou dos 2,59%, e contribuiu para eleição de novo deputado para a Assembleia Municipal de Castelo Branco (permitindo rejuvenescer a representação do CDS naquele fórum) e de dois outros membros para as Assembleias de Freguesia.

Seja, nos três atos eleitorais a que me apresentei, sempre em listas próprias do CDS, elegi, fui eleito e contribui para a eleição de três deputados municipais em Idanha-a-Nova e Castelo Branco e dei o meu contributo para a eleição de 8 membros para as Assembleias de Freguesia.

O que, à exceção do “furacão” que foi este ano Adolfo Mesquita Nunes na Covilhã, de inquestionável mérito mas também com apoios financeiros e políticos que não existiram em Castelo Branco, e da candidatura na Sertã em 2009, faz de mim, desde 2009 (ano em que pela primeira vez me apresentei a eleições) a pessoa que no partido mais contribuiu para a eleição de membros para os órgãos autárquicos pelo CDS no distrito de Castelo Branco.

este, que é motivo de natural orgulho, e isto num distrito em que o peso do CDS é escasso e de que é evidência maior o facto de o melhor resultado obtido pelo atual Presidente da Distrital de Castelo Branco ter sido, na Covilhã, em 2009, com apenas 2,78%.

Ora, eleições desta natureza envolvem para os candidatos um elevado dispêndio de esforço, tempo e dinheiro, com o sacrifício da vida pessoal, familiar e profissional, e que se faz pro bono em prol e no interesse exclusivo do partido.

Natural seria que o partido pela voz da sua presidente dirigisse aos candidatos e principais rostos das diversas candidaturas do partido espalhadas por este país uma palavra de agradecimento, um obrigado.

A verdade é que nem Assunção Cristas nem a direção do partido se dignaram alguma vez tomar tal gesto e dar tal palavra.

É uma questão de respeito e (boa) educação. O que não existiu.

São, pois, essencialmente, estas as duas ou três razões que me levam agora a tomar a decisão de me demitir da Comissão Política Concelhia do CDS de Castelo Branco e sair do partido. Retorno, assim, à minha condição de independente.

Por uma questão de ética, e ao contrário daquelas (pessoas) que filiadas no partido e dizendo-se militantes do CDS de um modo bafiento e por puro ressabiamento andaram de forma expressa ou velada a apoiar outros partidos e candidaturas, assumo a liberdade de prosseguir a minha intervenção cívica e de participar no debate de ideias sem peias nem constrangimentos político-partidários.

Uma última palavra para agradecer a todos aqueles que no momento próprio me acompanharam com amizade e lealdade neste percurso, em particular a Maria Celeste Marcelino Capelo que muito me honrou por ter aceitado ser mandatária da minha candidatura em Castelo Branco, e desejar as maiores felicidades à atual Comissão Política Concelhia de Castelo Branco liderada por Mark Pereira e Sandra Sofia Morais Manso.

Até já.

José Pedro de Sousa

Advogado, Professor do Ensino Superior Politécnico, Ex-candidato à Presidência da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e de Castelo Branco e ex-deputado na Assembleia Municipal de Castelo Branco

 

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