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Digressões Interiores: Coimbra sempre…Castelo Branco também

João Lourenço Roque - 31/08/2017 - 8:00

Num Verão tão severo e abrasador, não surpreende a maré aterradora de incêndios, em especial no interior do país.

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Num Verão tão severo e abrasador, não surpreende a maré aterradora de incêndios, em especial no interior do país. Ondas e mais ondas de chamas e pesadelos, cuja causa maior reside na imensa e profunda desertificação do mundo rural empurrado para o abismo, devido à incúria “desgraçada e criminosa” de sucessivos governos indiferentes ou incapazes de definir e concretizar estratégias harmoniosas de renascimento económico, social e cultural. Por este andar, mais alastra o deserto e mais se apressa o fim das aldeias. Fim adiado ou atalhado em algumas regiões, graças ao talento e à dedicação de autarcas que tudo fazem para apoiar e defender povoações e territórios onde medram perigos e ameaças sem conta. Será por isso, entre muitas outras razões, que não houve maior conquista que a do poder autárquico democrático. Será por isso que no ”país interior”, apegado aos laços de proximidade histórica e sentimental, tanto valorizamos as eleições para as Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais. Por isso e por nos sentirmos iguais e sabermos que todos os votos contam e pesam. Ao invés das “eleições gerais” em que já pouco ou nada decidimos…totalmente subalternizados pelo litoral e pelos grandes centros populacionais. Prova exemplar desta adesão afectiva e cúmplice àqueles que tão bem nos conhecem e reconhecem e que de muito perto nos olham e representam, foi a sessão da recandidatura da Drª. Celeste Rodrigues à Junta de Freguesia das Sarzedas, ocorrida no dia 15 de Agosto. Discursos empolgantes, pessoas às centenas no salão da Junta, gratas pela obra feita e unidas em torno de uma Presidente que não precisa de “vender promessas”, porque ninguém ignora que o seu compromisso e o seu dom é ajudar-nos sempre e caminhar connosco nos caminhos da vida…

Às veze não sabes, nem eu sei, o que me prende à Beira. De longe em longe regresso aos meus tempos universitários. Agora quase sempre em ocasiões e lembranças magoadas. Desta vez, com grande atraso, em recordação da Doutora Maria Helena da Rocha Pereira, falecida em Abril passado, que, ao longo de várias décadas, serviu e prestigiou de modo exemplar a Universidade de Coimbra, em diversas áreas e dimensões. Figura destacada, de renome internacional, no âmbito dos Estudos Clássicos e da Cultura Portuguesa, deixou bons discípulos e heranças culturais e académicas de enorme valor. Muito lhe devo na condição de seu aluno em “História da Cultura Clássica”, nas aulas brilhantes que tanto nos prendiam e encantavam. Muito lhe devo também pela sua preciosa amizade e pelo apoio que sempre me dispensou nos cargos directivos que exerci. Em jeito de homenagem, entro na Sala dos Conselhos e relembro as longas e animadas sessões do Conselho Científico… Sento-me de novo nas cadeiras do Anfiteatro II e releio a “Hélade”. Com o seu desaparecimento, outro fim na Universidade e na Faculdade de Letras. Outro fim na minha história universitária.

A vida é assim! Na lentidão do tempo breve e das memórias fundas, a vida corre. “De tão cansada”, a minha esperança mais se cansa e adormece, aqui e em todo o lado. Às vezes desperta em Castelo Branco, nas Sarzedas, ou nos Calvos. No encanto dos teus olhos ou na “magia do xisto”. No sabor das amoras e das uvas maduras ou no cantar das cotovias… Tardes quietas. Outras conversas, mais palavras sem palavras, enquanto espero por ti naqueles sítios em que corriam os sonhos que eram só nossos.

 

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