Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Leitores: Economicando

Telma Catarina Gonçalves - 08/02/2018 - 9:50

Economicando = aprender economia, brincando! Este é o nome de um projeto educativo de literacia económica, criado na Universidade de Aveiro com a missão de levar a ciência económica até às crianças.

Partilhar:

Economicando = aprender economia, brincando! Este é o nome de um projeto educativo de literacia económica, criado na Universidade de Aveiro com a missão de levar a ciência económica até às crianças. Com atividades e exemplos quotidianos à medida da sua tenra idade, cruzam-se com conceitos como escassez, utilidade, custo de oportunidade, austeridade, inflação, poupança, liquidez, concorrência, risco, crise; aprendem a fazer escolhas e que «não há almoços grátis».
De facto, estes conceitos estão impregnados nas nossas vidas, sentimo-los na pele e no bolso e as perguntas surgem «porque é que os ricos estão cada vez mais ricos? porque perdi o emprego? porque tenho que pagar impostos? de onde vêm as desigualdades? como surgem as crises económico-financeiras? dinheiro compra felicidade?». 
A palavra economia resulta da junção de dois termos com raízes gregas – “oikos” (casa) e “nomos” (costume, lei) resultando em “regras ou administração da casa, do lar”. É preciso organizar a casa de modo a que todos se sintam bem. É a ciência do bem-estar, das escolhas e da atitude, que assume compromissos entre gerações e com o planeta. 
Trata-se, afinal, de perceber como funciona o mundo cada vez mais interdependente, próximo, inseguro, virtual, carregado de agentes racionais, mas que por vezes também tomam decisões menos racionais, egoístas por excelência, insatisfeitos por natureza, competitivos por convicção, sujeitos a paixões e vícios. Sim, este é o cenário da nossa vida, que reserva à economia a tarefa gigante de o retratar, sistematizar, compreender e solucionar. Acresce, porém, que o seu objeto de análise está em constante mudança, o que condiciona a veracidade das «leis absolutas» aos fatores tempo e espaço. A economia é uma ciência social e como tal tem de se estudar pela vida das pessoas, debruçando-se sobre como nos organizamos nas tarefas de produzir o que precisamos para viver, indo, também, muito além das análises do crescimento económico, da dívida pública, do comportamento dos mercados financeiros.     
Um dos problemas graves do nosso país tem sido a iliteracia financeira e económica, ou seja, a falta de compreensão do significado prático e dos impactos reais de conceitos daquela índole, que fica comprovada através de recortes de imprensa, de rostos indignados, do sobrendividamento das famílias, de investidores frustrados que afinal não tinham capital garantido. 
De facto, a aposta na literacia económico-financeira desde cedo é um voto de confiança na educação enquanto motor de mudança de mentalidades de filhos e pais na gestão das suas poupanças e dos seus consumos, no modo como fazem escolhas no presente sem arriscar o futuro, na convicção que a economia e as finanças diz respeito a todos e que compreender os seus mecanismos será, inequivocamente, um fator de competitividade para a economia portuguesa. O pioneiro projeto economicando chama a si essa responsabilidade já hoje. Está a fazer a sua parte. Que possamos nós também, com a candura das nossas crianças, que são futuros e esperanças, fazer a nossa parte.  
 


Economista
eco.catarina@gmail.com

COMENTÁRIOS