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Em Perdigão: O carnaval de antigamente

Luís Correia - 23/02/2017 - 10:56

Nos meus tempos de jovem havia carnaval em Perdigão (Fratel, Vila Velha de Ródão). Quando a aldeia tinha muitas raparigas e rapazes.

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Nos meus tempos de jovem havia carnaval em Perdigão (Fratel, Vila Velha de Ródão). Quando a aldeia tinha muitas raparigas e rapazes. Quando o salão se enchia e se dançava ao som do banjo do meu pai ou ao som do acordeão do José Romão, da palhota; do José Martins, do Peral; do Tomé, da Foz do Cabrão e outros, como os irmãos Certezas, acordeonistas da aldeia de Montargil, e outros. As contradanças organizadas pelo meu pai, que atuavam não só na nossa aldeia como percorriam, também, as aldeias vizinhas. 
Havia alegria, camaradagem, amizade. Como era belo esse tempo! No domingo magro e domingo gordo, assim como nas quintas-feiras que ¬antecediam esses domingos, havia sempre baile. E na quinta-feira magra, havia o sorteio das comadres e compadres. Este sorteio consistia em escrever os nomes das raparigas e dos rapazes em papelinhos, em quantidades iguais, que depois eram metidos em dois saquinhos um com os nomes das raparigas, o outro dos rapazes, e dai retirados à sorte formando, portanto, pares. Cada rapariga e cada rapaz do par tinha a designação de comadre e compadre. Cada par, pela Páscoa, trocava prendas, cada um conforme o seu gosto e possibilidades. 
Costumes interessantes, que criavam ambiente agradável. Outros tempos, que já não voltam! Hoje não há tal possibilidade, pois faltam as raparigas e os rapazes. Os jovens, filhos e netos, encontram-se noutras paragens onde foram encontrar uma vida mais aliciante, mais favorável. Que Deus os ajude. E nós, que por aqui estamos, vamos procurando criar, embora com alguma dificuldade, o melhor ambiente possível. 
No momento presente, a nossa aldeia tem Associação e Grupo de Amigos de Perdigão. Os seus membros procuram manter dois convívios com sócios e amigos, pela sardinhada e magusto, e a festa em agosto. Em número mais reduzido há carolas que procuram manter, todos os meses, um almoço, para conviver. Fico muito contente, porque não só existe o convívio, como também dão motivo à presença de mais pessoas na aldeia naqueles dias. 
Sei que estamos condenados à desertificação, dado o envelhecimento dos habitantes e ausência de jovens, mas, apesar disso, não podemos deixar de viver cada dia, como sendo o dia mais importante da nossa vida. 
Não posso deixar de louvar a atitude da nossa autarquia, em apoiar as associações, para que promovam atividades que permitam criar situações de bem estar e de entretenimento aos habitantes das aldeias. 
Lembro o evento, nesta quadra carnavalesca, especialmente no dia de entrudo, na sede do concelho, com a participação da maior parte das associações. A minha grande pena é a de não ter pessoas ainda com alguma genica, na minha aldeia, para que também a nossa associação pudesse estar presente e a participar. Faço votos para que o município mantenha o evento por muitos anos e que sempre decorra bem. Esse é o meu desejo. 
(...)
Luís Correia 

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