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Futebol: David Facucho despediu-se com o nervo do pinhal

Artur Jorge - 26/05/2017 - 16:12

O capitão diz adeus às quatro linhas ainda jovem, 32 anos. Fala de uma decisão racional, que “é o que às vezes falta nestes momentos”.

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David Facucho colocou um ponto final na sua carreira de futebolista

Foi uma despedida emocionada. E ao mesmo tempo bem-disposta. David Facucho pegou no microfone e dirigiu-se à plateia, entenda-se a bancada repleta do Estádio Municipal de Oleiros, imediatamente após a consumação da permanência da ARCO no Campeonato de Portugal.

Recuou aos idos de 1997, quando se levantou de madrugada para ir disputar uma partida do Campeonato Nacional de Iniciados. “Achas que vale a pena acordar tão cedo para ir correr atrás de uma bola”, questionou a mãe Jacinta. O progenitor respondeu vinte anos depois: “Sim! Valeu tudo a pena”. Os sacrifícios pessoais, familiares e sociais. Ganhou muito mais. Sobretudo em amizades. Para a vida.

Despede-se das quatro linhas ainda jovem. 32 anos. “Embora não seja considerado um campeonato profissional, o nível de exigência e trabalho no CPP está a esse nível. E a minha vida laboral, já não me permite estar tão disponível como precisaria”. Por outro lado, prossegue o (ex) central, “também já estou consciente das minhas limitações. Quer-me parecer que, às vezes, o que falta aos jogadores é não terem essa consciência. Na minha autoavaliação essa abordagem racional teve que ser feita”.

É um adeus definitivo, vinca Facucho. “À carreira futebolística, seguramente. Ao futebol não sei”. Sai após dois anos inesquecíveis para a Associação Recreativa e Cultural de Oleiros, o clube do coração. “Era o momento ideal”, reiterou.

Leva “muita coisa boa” de duas décadas de futebol, algumas menos positivas, mas elege as amizades que construiu com a grande riqueza do trajeto. Jogou no Águias do Moradal, nos húngaros do Nagyszentjános, no Sertanense e – a expressão é sua – “na minha ARC Oleiros”.

Fresco ainda está o feito do grupo que foi conduzido tecnicamente por Paulo Machado. Foi uma missão hercúlea. Bem sucedida. “Se o Oleiros estivesse tabelado na casa de apostas, teria a odd mais baixa nos candidatos à descida. Porque seria previsível. Ninguém apostaria em nós. Falávamos isso no balneário”.

“O nervo do pinhal” funcionou. “Houve raça. Raça do pinhal. Só com essa determinação, pudemos fazer face a estruturas de maior dimensão. E orçamentos. O futebol também passa muito por isso: qualidade, técnica, tática… e psicológica. Fomos um bocado por aí. Claro que também houve uma estrutura a este nível muito consistente, uma equipa técnica e uma equipa médica competentes e jogadores, naturalmente. Há um conjunto de fatores que construíram mais este marco histórico para a vila de Oleiros”.

David ainda tem bem presente o “ambiente fantástico” da derradeira ronda, só comparável à final da taça de honra e à jornada de consagração, na época anterior. Vê com os melhores olhos a presença de duas equipas do concelho no CPP em 2017/2018 e só lamenta que o Sernache não tenha permanecido. Advoga rivalidades sadias: “já estamos aqui tão distantes, que não faz sentido abordagens negativas. É importante puxar por nós, pelo nosso distrito”. Isso mesmo Capitão!

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