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Holocausto: A memória devia evitar erros do passado

Jean-Claude Juncker* - 27/01/2017 - 9:00

Nestes tempos difíceis, a memória é não só uma recordação, é uma referência para o futuro para evitar os mesmos erros, sublinha o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, por ocasião do dia em memória do Holocausto.  

 

 

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Presidente da Comissão Europeia destaca a importância da memória

Nestes tempos difíceis, a memória é não só uma recordação, é uma referência para o futuro para evitar os mesmos erros, sublinha o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, por ocasião do dia em memória do Holocausto.  

Celebra-se este ano o 75.º aniversário da Conferência de Wannsee, onde planos frios, burocráticos e precisos foram estabelecidos pela liderança nazi para eliminar os judeus europeus. Com o passar dos anos e à medida que nos distanciamos cada vez mais desses eventos, mais forte se torna o nosso dever de parar e dedicar tempo para recordar e refletir. «A memória tornou-se um direito sagrado de todas as pessoas de boa vontade». Esta é a lição que recebemos de Elie Wiesel que recebeu o Prémio Nobel e que morreu no ano passado após dedicar a sua vida para ser uma voz para os sobreviventes das atrocidades da Shoah. O nosso dever torna-se ainda mais evidente porque, cada ano, os sobreviventes e testemunhas diretas do Holocausto são cada vez menos, deixando as gerações mais novas com a responsabilidade de passar a mensagem que não pode perder a sua força. Não deixaremos de dizer «Nós lembramo-nos»!

Esta é também a primeira vez que recordamos o Holocausto sem a presença de Roman Herzog, antigo presidente alemão que faleceu recentemente. Foi ele que, em 1996, consagrou na lei alemã o dia 27 de janeiro como o Dia da Memória das vítimas do Nazismo. Este gesto iniciou um processo que levaria as Nações Unidas a proclamarem, em 2005, este dia como o Dia Internacional em Memória do Holocausto, assinalando o 60.º aniversário da libertação do campo de extermínio nazi em Auschwitz-Birkenau em 27 de janeiro de 1945.

A União Europeia é um projeto enraizado na história do continente europeu e subscreve inteiramente este dever de memória. Nestes tempos difíceis, a memória é não só uma recordação do passado, é uma referência para o futuro para evitar repetir os mesmos erros e para não cair nas mesmas armadilhas ao permitir que se propagem a discriminação e o ódio. Elie Wiesel percebeu as sementes perigosas alimentadas pelo ódio crescente. Ele reconheceu a ameaça que esta nova vaga representava e falou contra o antissemitismo a levantar novamente a sua cabeça na Europa — de novas formas – bem antes de muitos outros.

A história adverte-nos que o ódio pode rapidamente inclinar para a provocação e para a violência. Por este motivo, a UE fez da luta contra o ódio e o incitamento ao ódio, onde aparecer, uma prioridade. A Comissão Europeia acordou, em maio de 2016, sobre um código de conduta com as maiores empresas de TI e plataformas de redes sociais para monitorizar e eliminar, no prazo de 24 horas, discurso de ódio ilegal que seja identificado. Isto complementa a atual legislação que a Comissão Europeia reforçou e que criminaliza ações e palavras que publicamente perdoe, recuse ou manifestamente desvalorize o Holocausto.

Atualmente, quando as «notícias falsas» são fáceis de divulgar, não pode haver qualquer complacência sobre recusas do Holocausto. Isto aplica-se independentemente da forma em que são dissimuladas: se é a chamada «dura» negação do Holocausto, negando que o Holocausto nunca aconteceu - o que é crime - mas também a sinistra alegada negação «suave» do Holocausto, que surge na minimização da amplitude e profundidade do mal consubstanciado na Shoah, ou o questionamento da relevância do Holocausto no mundo de hoje, bem como as tentativas de menosprezar o Holocausto comparando com outras situações.

Confrontada pelo crescente antissemitismo e outras formas de ódio, confrontada por um renascimento de eventos incitados pela violência, a Comissão Europeia está determinada em prevenir e combater o antissemitismo, sob todas as suas formas, e de assegurar que os judeus podem levar a vida que querem na Europa. A Europa continuará a ser um lugar de paz e tolerância em que as pontes são construídas e se resiste à intolerância e à discriminação.

* Presidente da Comissão Europeia

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