Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Idanha: Salvaterra ansiosa pelo seu festival

José Furtado - 22/06/2017 - 9:00

VÍDEO  O eco festival da Quercus, que acontece de dois em dois anos, tem 150 artistas no cartaz.

Partilhar:

Bordalo II assina uma obra para o festival. Foto José Furtado/ Reconquista

Em Salvaterra do Extremo os dias que faltam para o começo do festival Salva a Terra já se contam com ansiedade há algum tempo. A pequena aldeia do concelho de Idanha-a-Nova, onde vivem em permanência não mais de 150 pessoas, vê por estes dias a sua população aumentar de tal modo que faz lembrar outros tempos. Como a época em que Alice Nunes era rapariga nova e a rua onde agora se senta enchia de uma ponta à outra em dia de baile. Agora “nem meninos cá há” mas isso não lhe tira o sorriso. Alice é “nascida, criada, batizada e casada” na aldeia. Ver Salvaterra novamente cheia de vida, nem que seja por quatro dias, é uma alegria.

“Gosto de ver muita gente cá na terra. É tão lindo, não é? Eu estava habituada a esta terra com tanta gente e com o festival anda a gente alegre”, diz bem-disposta. Há dois anos andou pelos concertos e este ano espera fazer o mesmo, se a osteoporose ajudar.

O festival que começa esta quinta-feira e termina no domingo tem uma oferta cultural variada. “Este ano contamos com um cartaz diversificado, desde a música brasileira a um grupo que vem da Alemanha, jazz, afrobeat e novas vertentes da música portuguesa”, enumera Jorge Infante, da Quercus. A associação ambientalista organiza este eco-festival com um objetivo muito claro: ajudar o CERAS- Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens que tem em Castelo Branco há 18 anos e que já salvou milhares de animais. Todas as receitas do festival são canalizadas para lá, o que é possível com a participação gratuita dos artistas. Música mas também teatro, dança, formações e passeios fazem parte da programação, que totaliza 150 artistas. A população não se limita ao papel de espectador. “As portas abrem-se, os quintais abrem-se, as pessoas participam e tem sido uma loucura a solicitarem entradas. Tem sido o ano em que mais sentimos o interesse da participação mas é assim todos os anos”, relata Paulo Lopes, da União de Freguesias de Monfortinho e Salvaterra do Extremo. O festival “é algo de que nos orgulhamos bastante”, quer sejam habitantes ou naturais da terra que estão longe. “Há marcação de férias para a altura do festival e além disso ainda temos mais os amigos e mais os que estão cá. Acho que isto vai ser muito pequeno para tanta música e tanta oferta mas ano após ano vamos melhorando as condições”, diz o responsável autárquico.

“A aldeia recebe os festivaleiros de coração aberto. As pessoas que aqui moram abrem as portas, contam histórias e tenho amigos meus que ficaram apaixonados pelos habitantes e acabam por voltar”, refere Jorge Infante. Leonor Elias é uma das muitas caras simpáticas da aldeia, de onde saiu mas para a qual regressou. A sua casa fica próximo da igreja, junto ao local do palco principal, e serve de apoio aos artistas e à organização.

“Eu aturo-os a todos. Alguns dormem aqui ao lado e é bom para a aldeia que fica com movimento. Não há aqui quase ninguém. Se não houvesse isto a gente até se esquece que isto existe”. Já tem lugar cativo numa banca, onde há dois anos esteve a fazer filhoses e este ano vai fazer crepes.

ARTE A edição deste ano do Salva a Terra fica na memória antes mesmo de começar. A menos de uma semana do arranque a aldeia recebeu uma lontra criada pelo artista Bordalo II. A peça assente na sucata de uma carrinha é feita com lixo e isso “acaba por ser a imagem da vítima com aquilo que a destrói, é essa a analogia que encontro”, disse ao Reconquista. Esta é a quarta peça da série Big Trash Animals no distrito, depois de ter feito um mocho na Covilhã, um lobo-ibérico no Fundão e um grifo em Alcains, todos em grande escala.

Bordalo II visitou o CERAS e conhecer este espaço “foi uma vivência, foi de facto interessante, porque são espaços que às vezes não são muito conhecidos pelo público mas que para mim são muito importantes”.

 

 

COMENTÁRIOS