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Ideias e factos: Coesão territorial

Agostinho Dias - 30/05/2018 - 10:26

Os nossos governantes enchem a boca com a coesão territorial. Reclamam para o interior do país a vinda de gente, sobretudo de gente nova, que abunda na zona litoral. Prometem-se vantagens a quem vier, a nível económico e tributário, ou de condições de vida, ou até no tempo da reforma. Esquecem-se de que foram os políticos que aqui fecharam escolas, extensões de saúde, correios, bancos, postos da GNR. Deixaram-nos lares de terceira idade insuficientes para os idosos que existem e tiraram daqui a grande maioria da população ativa. Ainda por cima ciclicamente verão após verão vão deixando queimar o pouco que nos resta. Agora chegam à conclusão de que, se nada for feito, o interior em breve se tornará um matagal por falta de quem trate a terra e desenvolva a economia. Reconhecem as potencialidades agrícolas, turísticas, e industriais por estarem mais perto da matéria prima, mas nada disto se desenvolve sem a presença humana. Temo que seja demasiado tarde para atraírem aqui os empreendedores que possam dar novo vigor a estas terras. Podem deslocar mais jovens para os politécnicos do interior, diminuindo as quotas nas faculdades de Lisboa e Porto. O problema é fixá-los cá com as condições de vida que aqui existem.
Vem aí o dia da criança. As nossas aldeias não o celebram porque quase já não tem crianças para o celebrar. As poucas que existem são trazidas para a cidade a frequentar as escolas. Desligam-se de pequenos do meio rural e dificilmente se voltam a ligar a ele. O meio rural é o tal Portugal profundo que é preciso repovoar, pois 90% dos que lá existem já têm mais de 65 anos. Esperamos que o governo encontre medidas para a tal coesão efetiva. Caso contrário, quando envelhecerem de vez os poucos ativos que ainda existem, tudo ficará ao abandono.
agostinho.dias@reconquista.pt

 

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