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Ideias e factos: Cultura do descartável

Agostinho Dias - 09/11/2017 - 10:34

Foi notícia a saída de oito mil e seiscentos milhões de euros para paraísos fiscais em 2016; são fruto de 58.800 transferências, feitas por 3.502 empresas. Não sabemos, mas são talvez empresas que apenas pagam o salário mínimo aos seus trabalhadores, e mesmo assim acham que dão demais. São talvez empresas que distribuem milhares pelos seus acionistas, mas que deste modo fogem ao pagamento de impostos. São talvez empresas que procuram o investimento público, mas que em nada querem contribuir para o bem comum. São talvez empresas que exploram os seus clientes  com os preços que cartelizadamente praticam, mas que ao bom estilo capitalista apenas procuram o lucro máximo. Há quem tenha tanto dinheiro que até já se esquece de 40 milhões de euros que estão no BES, sem se saberem de quem são… Tudo isto é desonesto e imoral!
Claro que agora tem de vir o reverso da medalha que são aqueles que nada têm. Em Portugal em 2016 foram despejadas das suas casas arrendadas 1.931 famílias, o que dá mais de cinco despejos por dia. Isto deve-se a salários baixos e rendas altas. Só nos primeiros 9 meses deste ano já foram decretados 1.480 despejos. Por dia, 86 famílias estão a pedir ajuda à Deco para pagar as suas dívidas; até 23 de outubro deste ano esta instituição recebeu 26.080 pedidos de ajuda, mais 50% do que no ano passado. Geralmente é gente que se entusiasma com o cartão de crédito, ou com empréstimos ao consumo, não faz contas, e mal se descuida está insolvente. A apregoada reposição de rendimentos aos portugueses não dá para tudo, como as pessoas às vezes pensam.
Lembro o nº. 53 de Evangelii Gaudium do Papa Francisco” “devemos dizer não a uma economia de exclusão e de desigualdade social”. Esta economia mata… 
Hoje, tudo entra no jogo de competitividade e da lei dos mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco… O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e deitar fora. Assim teve início a cultura do “descartável”… Os excluídos não são explorados, mas resíduos, sobras”.

 

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