Se olharmos para a nossa realidade política, o que vemos são pessoas a acusarem-se mutuamente, e a fazerem comissões de inquérito para encravarem os adversários.
O objetivo dos políticos portugueses deixou de ser a construção do país, e passou a ser o de acusar os opositores de o quererem destruir.
É a política do bota abaixo na sua melhor expressão partidária.
Faz falta aos nossos políticos a virtude da humildade: saber reconhecer as boas propostas dos adversários, em vez de seguir teimosamente uma solução própria menos boa.
De peito cheio os mandantes acham-se os únicos a ter razão, as suas obras são as únicas que o país precisa e por isso devem ser implementadas e financiadas; as dos adversários não passam de demagogia e aberrações.
Os que estiveram antes no poder é que são sempre os culpados do mal que existe no país, pois nada fizeram de bem; os atuais têm de estar sempre à procura do que os anteriores fizeram de mal, para os acusarem e corrigir.
No fundo o que está por detrás desta atitude é o quererem tirar vantagens eleitorais e é só isso que conta: ter mais votos do que os adversários.
Lá vêm continuadamente as sondagens para aferir quem ganharia as eleições e isso é o que mais conta para cada partido.
É em função disso que se promovem ou demitem os dirigentes partidários, se propõe a política para o país, e se pratica no fundo a demagogia político-partidária.
Chegar ao poder é o ideal e isso significa poder fazer o que o partido, os amigos e os próprios pretendem.
Embora digam o contrário, nunca está presente a atitude de serviço ao país, que era a que deveria imperar.
Reverter, acusar, inquirir, humilhar, é a atitude de quem está por cima.
O país esse vai aguentando tudo isto…