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Jogos Olímpicos 2016: O Rio de Janeiro continua lindo

Florentino Beirão - 11/08/2016 - 15:50

Em plenas Olimpíadas, já lá vão 31 jogos da era moderna, com cerca de 11 mil atletas de todo o mundo – 92 portugueses de 16 modalidades - a participarem deste evento, o Rio de Janeiro, como diz a inolvidável canção brasileira, continua lindo.
Apesar das contradições de uma grande metrópole, esta cidade da América do Sul, onde a nossa língua é soberana, pela primeira vez, foi a escolhida para celebrar a festa do desporto, a nível mundial. Entre as imundas favelas, a degradação do meio ambiente e as obras das aldeias olímpicas mal acabadas, o Rio de Janeiro, apesar destas contradições, está a ser capaz de responder às esperanças nele depositadas.
O exemplo da abertura dos jogos, no passado sábado, foi bem uma prova que o Brasil se esmerou em proporcionar momentos de uma festa deslumbrante e inolvidável. Não só os presentes, mas todos os que seguiram estes momentos pela televisão, foram brindados por momentos de uma impecável organização e ritmo, entre figurantes e iluminação. Através de uma pedagogia ecológica, foram decorrendo os momentos mais significativos que marcaram a longa história do Brasil. Nomeadamente, a sua descoberta pelos portugueses, em 1500, sendo comandante da Armada, Pedro Álvares Cabral.
Os Jogos Olímpicos, como sabemos, começaram em Olimpo, na Grécia antiga, em 776 a.C., em ambiente religioso, honra de Zeus. Neles, de quatro em quatro anos, participavam atletas vindos das cidades-estado gregas, espalhadas, sobretudo, pela bacia do Mediterrâneo, irmanados pelo lema olímpico: mais rápido, mais alto, com mais força. A superação do homem, através do desporto, era, como hoje, o grande desafio para os gregos. Neste esforço eram envolvidos os valores da amizade entre os atletas, da paz entre os povos, o respeito pelas regras desportivas e o espírito de sacrifício sem o qual, nada de meritório se consegue na vida.
Aos atletas vencedores que mais se distinguiam nos jogos, considerados como heróis, era oferecida, não ouro ou prata como hoje, mas, como símbolo de glória, uma simples coroa de louro. O cristianismo iria assim distinguir também os seus santos, colocando ao redor da sua cabeça, uma coroa, como vemos nas imagens das nossas igrejas.
Após a conquista da Grécia por Roma, esta tradição desportiva foi sendo colocada de lado, privilegiando-se, sobretudo a ferocidade das lutas entre os gladiadores e outros jogos mais agressivos.
Com a chegada do cristianismo, oficialmente aceite por Constantino no séc. IV, como os jogos olímpicos eram envolvidos pelo culto aos deuses, num mundo politeísta, em 392, o Imperador Teodósio I, após a sua conversão à nova religião, proibiu estes jogos em todo o Império.
A partir desta data, deu-se um grande interregno nas antigas olimpíadas. Este seria quebrado em 1896, por iniciativa de um barão francês, Coubertin. Regressando agora a Atenas, capital da Grécia moderna, os primeiros jogos da era moderna conseguiram apenas reunir 13 países, representados por 285 atletas. Mas agora, o símbolo para aclamar os vencedores dos jogos, deixaram de ser um ramo de louro ou de oliveira, mas o tão cobiçado prémio de uma medalha de ouro.
Mas se os jogos olímpicos modernos se iniciaram sob a bandeira da paz e da amizade entre os povos, por vezes, seriam aproveitados para propaganda política, desvirtuando a sua finalidade. Um dos casos mais gritantes foram os jogos realizados em Berlim, com Hitler no poder. A propaganda do regime nazi acabou por se tornar no fulcro central deste acontecimento desportivo, sobrevalorizando a raça ariana. Com a guerra fria, boicotes aos jogos não se fizeram esperar tanto de russos como de americanos.
Cancelados estes jogos, apenas em 1916 e em 1940-1944, devido às Guerras Mundiais. 
Vivendo num mundo rodeado de medos e conflitos, valha-nos as Olimpíadas para desanuviarmos um pouco este ambiente tão hostil e complexo.

florentinobeirao@hotmail.com

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