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Leitores: Gardunha, Uma marca potencial, com peso e medida

Rui Amaro Alves - 01/12/2018 - 17:41

Ninguém hoje dúvida da importância que o turismo tem no desenvolvimento dos territórios e das regiões.

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Serra da Gardunha. Arquivo Reconquista

Ninguém hoje dúvida da importância que o turismo tem no desenvolvimento dos territórios e das regiões. Já quanto ao sucesso das estratégias e políticas do turismo em curso no desenvolvimento das regiões do interior e em particular da Beira Interior Sul, em minha opinião não são eficazes e são muito pouco eficientes. Desbarata-se dinheiros públicos que surtem pouco efeito, geram pouco ou nenhum valor acrescentado e apenas proporcionam recursos a meia dúzia de empresas e interessados.

Existem fundamentalmente três fortes constrangimentos que constituem o óbice ao desenvolvimento do turismo na região que temos que ultrapassar. 1. A questão do marketing territorial. A marca do território. 2. A densidade de recursos turísticos e a sua governação. 3.O amadorismo dos intervenientes. Neste artigo tecerei algumas considerações sobre o primeiro.

A região não dispõe de recursos turísticos que a diferenciem muito das regiões envolventes, sejam de Portugal ou de Espanha. Também não dispõe de muitos recursos turísticos com grande relevância. O que encontramos aqui encontramos em muitas outras regiões e em alguns casos com maior importância. Em termos de atração turística não dispomos nem de capacidade semelhante nem de vantagens comparativas. Mas é o que temos; é com isto que temos de trabalhar e inventar novos recursos e gerar maior atratividade. Realismo e modéstia, mas com ambição. Baixar os braços não.

Está mais do que provado que as estratégias regionais de desenvolvimento do turismo em regiões como a nossa, que são promovidas com base em ideias e marcas fortes, sobretudo em aspetos naturais, têm maior sucesso (Serra da Estrela e Douro; para falar só de Portugal). Haverá outras também em que as questões naturais se imbricam com as administrativas, como é o caso Algarve. Mas o algarve turístico continua a ser o (natural) das praias para lá das serras.

O desenvolvimento do sul da Beira Interior e do turismo nesta região necessita de uma marca forte, física e devidamente personificada, como a Serra da Estrela, que só pode ser a Serra da Gardunha.

Marcas como “Beira Baixa”, “Naturtejo”, “Geoparque”, “Aldeias Históricas”, “parque disto e daquilo” ou “romaria, feira ou festival A ou B”, entre outras que conhecemos, não são suficientemente fortes. Os nomes das cidades e vilas também não. São todas importantes, mas falta-lhes um “cume”. Podem ser submarcas ou subtítulos, mas falta-lhes a marca ou título.

A Gardunha sim; pode ser personificada. É natural, fisicamente imponente, majestosa e com muitos e diversificados recursos em termos de paisagem, património, recursos naturais, gastronomia, produtos agrícolas, queijo, mel, enchidos, aldeias e vilas, vento e sol, às vezes neve, ribeiras e riachos, praias e piscinas fluviais, águas cristalinas, etc. Tem áreas naturais classificadas. Tem história e uma identidade forte e marcante. Tem um dos maiores parques eólicos do país, que produz energia verde. Tem muitas mais coisas.

Toda a gente a vê e é vista por muita gente. Corre o país todo; está nos aeroportos e anda por essa europa e por esse mundo fora. Nas águas engarrafadas do Alardo e da Fonte da Fraga, nos vinhos produzidos na sua envolvente e em muitos outros produtos e em muitas outras coisas.

Por ela passa uma autoestrada com fluxos internacionais, tem alguma dimensão e diversidade urbanas (Castelo Branco e Fundão) que lhe conferem a robustez urbana mínima para alavancar uma estratégia de desenvolvimento turístico. Está perto de 3 áreas metropolitana (Madrid, Lisboa e Porto).

A Gardunha até já tem um de símbolo muito inclusivo, que é neutro sem ser neutro, que pode ser acoplado a qualquer produto ou serviço. Não identifica ninguém nem exclui ninguém, mas representa a Gardunha.

A marca Gardunha é adequada à promoção da região e pode unir-nos numa estratégia de desenvolvimento territorial e de desenvolvimento turístico. As submarcas podem ser mantidas como fatores de proximidade, diversidade e identidade. É com isto e desta forma que devemos comunicar e vender.

 

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