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Missa Crismal: Cristo veio para servir e não para servir-se

Lídia Barata - 24/04/2019 - 8:00

VÍDEO No dia da instituição da eucaristia, D. Antonino Dias benzeu o santo crisma e demais óleos, na cerimónia onde os sacerdotes renovaram os seus votos.

 

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Paulo Dias (à direita do bispo) celebrou 25 anos de sacerdócio

“Cristo, cabeça e pastor da Igreja, veio para servir e não para ser servido, servindo de modelo a todos quantos recebem o ministério sacerdotal em seu nome”, uma ação assente na “caridade pastoral”, tal como afirmou o bispo diocesano, D. Antonino Dias, na sua homilia de Quinta-feira Santa, celebrada a 18 de abril na Sé Cocatedral de Castelo Branco.

A missa crismal foi presidida pelo bispo e concelebrada pelos presbíteros da Diocese de Portalegre-Castelo Branco. Esta celebração reveste-se da maior importância, por ser na qual se consagra o santo crisma, que representa o Espírito Santo, mas onde se benzem também os demais óleos, que vão ser depois usados na unção dos enfermos e nos batismos. “Jesus foi ungido pelo Espírito Santo. Todos os outros foram ungidos de modo semelhante, com o óleo do crisma, instituídos assim como sacerdotes, para agir em nome de Cristo”, sublinha o bispo diocesano, reiterando que nesta missão, à semelhança de Deus, “que não faz aceção de pessoas, por isso tenta atrair todos os que ainda não são do seu redil”, os sacerdotes devem, nas suas comunidades “servir, guiar, defender a todos, seguindo o modelo de Cristo”.

A caridade pastoral será o farol, pois implica “entrega responsável, disponibilidade para caminhar junto, capacidade de escuta, diálogo permanente, saber encaminhar as comunidades”. D. Antonino Dias alerta que “se há pobreza na fé, se falta oração, se não há atenção aos sinais do tempo tendo em conta a perspetiva humana, dificilmente se pode dar testemunho de vida, de verdadeira caridade pastoral, que se traduz não só no que fazemos, mas no que somos”. Sublinha ainda que “É sempre um problema que se coloca, a caridade pastoral, ser padre, ser pastor. Mas dentro disso, temos de procurar fazer o melhor, sempre com muita esperança, alegria, com testemunho de fé, com presença, com proximidade, é estar, programar e agir, com o povo e fazer com que o povo participe e todos assumam com alegria, coragem e empenho aquilo que se vai programando a bem de todos, da comunidade”, defendendo que leigos e sacerdotes “são importantes dentro da Igreja. Há diversidade de ministérios, de serviços, mas caminhando conjuntamente, lado a lado. Não resulta os de cima a mandar”.

Já a falta de vocações, “é uma responsabilidade que compete a todos, como Igreja. Temos feito o que é possível. Mas temos de semear, sem esperar colher. Mas se pudermos colher frutos tanto melhor. Temos tido essa dificuldade, que é geral, mas penso que a juventude está a despertar”.

RENOVAÇÃO Nesta celebração, renovam-se também as promessas sacerdotais. Este ano com destaque para os 25 anos de ordenação do monsenhor Paulo Henrique Dias, hoje Vigário Geral da Diocese. “Este dia é significativo pela união do presbitério, em união com o bispo, o que nos renova no compromisso e nos faz recordar a hora da ordenação”, o que aconteceu há um quarto de século, na Sé de Portalegre.

“Sendo da Beira, Deus chamou-me ao Alentejo. Dizia que tinha as costas na Beira e a barriga no Alentejo”, mas hoje “tenho o coração naquelas gentes que acompanho há 25 anos, quatro em Portalegre, 21 em Alter do Chão, e agora também no Crato. Sinto que Deus me foi acompanhando e, na minha pobreza, me chamou, me ungiu, me enviou e capacitou, para que pudesse realizar nesta coerência de vida e neste testemunho verdadeiro do evangelho que procuro também, todos os dias, dar no meu ministério e na minha vida”.

Também concorda que faltam mais vocações, mas revela também confiança que “é Deus que conduz a Igreja e é o Espirito Santo que inspira e chama no coração de cada jovem. No tempo certo, surgirão as vocações. Há menos vocações, menos ordenações, mas a verdade é que Deus continua a chamar noutros lugares, de outra forma, noutros ministérios da Igreja, que se vai renovando por ai”.

Para o padre Paulo Henrique Dias, “a falta de vocações também é reflexo da nossa realidade sociológica, pois somos cada vez menos, mais envelhecidos, os jovens têm uma centralidade fora do local onde nasceram e cresceram na fé e, muitas vezes, não é fácil voltar a esse lugar, que é a nossa diocese interior, sem oportunidades profissionais, o que de alguma forma, mesmo neste contexto de Igreja, nem sempre seduz no sentido de comprometimento”.

Lembra que “temos tido outras vocações, como os jesuítas e outras congregações, mas ao saírem, por vezes dispersam-se noutros lugares”. Considera que estamos perante “um sinal e um desafio ao mesmo tempo. Uma Igreja pobre de meios, que seja rica de amor, como diz o papa Francisco. E às vezes, na pobreza sentimos mais esse desafio de amar, com mais coração. E Deus há-de tocar e nas necessidades da Igreja diocesana há-de providenciar. É um desafio grande e que, porventura, ainda nos vai trazer alguns embates, não de confronto ou conflito, mas de sairmos da nossa estrutura, calculada, segura, para um desafio, por ventura numa insegurança de estruturas, mas numa novidade e atualidade do evangelho que há-de provocar e despertar”.

“A confiança é o que da fé podemos esperar e que, no fundo, não nos pode fazer duvidar de que Deus continua na Igreja, na nossa Igreja diocesana, sem lamentos, constando a realidade, ainda que às vezes dura, desta incapacidade de meios, mas que rica de amor possa suprir todas as dificuldades”, sublinha.

 

 

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