Hoje, com exceção do famigerado e truculento Donald Trump que abandonou o Acordo de Paris, todo o mundo tem consciência de que urge respeitarmos a Mãe - Natureza, alterando os nossos comportamentos ecológicos.
Importa ter em conta, como ensina o sábio provérbio popular: “se Deus perdoa, a Natureza não perdoa”.
Quem as faz, paga-as. Mais cedo ou mais tarde, ela se vingará das ferroadas que lhe damos, a nível pessoal, social ou ecológico.
Se alguém ainda duvidava, neste longo e tórrido verão, pudemos experienciar de como o clima extremo ultrapassou todas as marcas.
O aquecimento global de que os cientistas nos avisavam, aí está, com toda a acutilância. A falta de chuva que preocupa ainda uma boa fatia da população, tanto as pessoas como os animais e sementeiras, tem contribuído para nos alertar de que algo está a mudar no planeta, com nefastas consequências.
Até a nascente do rio Douro se encontra já em estado de seca extrema.
Mesmo a colheita da azeitona deste ano, devido à seca e aos fogos, produzirá menos 50% do habitual.
A falta de recursos e as espécies em extinção - referem os cientistas- são sintomas de que estamos a alterar o Planeta Azul, de uma forma drástica.
Temos de ter consciência viva de que o desastre ecológico arrancou com toda a força, encontrando-se já em estado adiantado.
Já abundam os sinais desta situação no mundo. Enxurradas mortíferas e peixes com plástico nos órgãos, dão-nos conta de que algo está mal.
Até a nossa indispensável e saborosa sardinha já não se poderá pescar no próximo ano, como determina a UE.
Tudo isto nos alerta para não continuarmos a poluir a Mãe - Natureza.
O preço dos erros dos humanos já é elevadíssimo e a tendência, se não tivermos juízo, será o planeta definhar, cada vez mais.
Não só os humanos, mas todo o seres viventes e os não viventes.
Recentemente, um filósofo inglês, Timothy Morton, com obra abundante publicada sobre este assunto, veio advertir-nos que “é urgente abandonar a visão antropocêntrica e abraçar um novo paradigma” de entendimento dos problemas ambientais.
Em termos geológicos, “já estão aí, na forma de camadas, incluindo os plásticos fossilizados e as camadas, tanto do carbono como das partículas radioativas”.
Se, refere ele, na idade-média, Deus era o centro do mundo, com o Renascimento, o Homem tentou ocupar esse espaço.
A visão de Martinho Lutero no séc. XVI, muito terá contribuído para tal.
Deste modo, o homem convenceu-se que a ele caberia ser o centro do mundo.
O individualismo moderno aí está a preencher todo o espaço social.
Tudo ao serviço do bem- estar individual, pleno de egoísmo.
A Natureza, explorada pelo homem, sem barreiras, a pensar apenas no lucro fácil e abundante, tornou-se a norma civilizacional.
Veja-se o caso da destruição na Amazónia, um pulmão do mundo.
Face a esta situação, o referido filósofo adverte que, se não quisermos destruir a qualidade da nossa vida e do planeta, tem de assumir um novo modelo comportamental.
Hoje, avançam os cientistas, já não devemos pensar que podemos manipular e controlar os outros seres que vivem connosco no Planeta, mas, na realidade, tudo se encontra interligado.
Todos dependemos de todos, porque somos parte de um todo. Mesmo a existência humana no planeta poderá, mais tarde ou mais cedo, em última instância, se não mudarmos de comportamento ecológico, encontrar-se severamente ameaçada, em agonia.
Se nada já podemos emendar dos erros passados - e são tantos- urge arrepiar caminho, se quisermos deixar este mundo para os nossos vindouros, com qualidade de vida.
Toda esta reflexão, ainda mais aprofundada, podemos encontra-la na Carta Encíclica “ Laudato Si” do papa Francisco (24.05.2015) onde se denuncia que “ a terra, nossa casa, parece transformar-se, cada vez mais, num imenso depósito de lixo”...”estes problemas estão intimamente ligados à cultura do descarte que afeta tanto os seres humanos excluídos como as coisas que se convertem rapidamente em lixo”