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Ródão: 10 milhões de euros nas nozes do Lucriz

João Carrega - 04/04/2019 - 10:30

Propriedade tem 560 hectares e a aposta é da empresa Companhia do Lucriz, do empresário turco Ural Ataman.

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O empresário Ural Ataman, responsável pelo investimento, com a sua equipa. Foto: João Carrega

A Companhia do Lucriz, empresa detida pelo empresário turco Ural Ataman, está a realizar um investimento de 10 milhões de euros no concelho de Vila Velha de Ródão, junto a Perais, numa propriedade para a produção de nozes. A herdade tem cerca de 560 hectares e até ao final do ano deverão estar plantadas nogueiras em 165 hectares. A caraterística dos terrenos, aliada aos fatores climatéricos e à existência de água permitiram a concretização de um investimento importante que, quando estiver em velocidade cruzeiro (após o 7º ou 8.º ano a partir da plantação) deverá produzir cerca de quatro toneladas por hectare.

As primeiras árvores começaram a ser plantadas em 2017. A aposta é feita nas variedades Chandlers e Howard. Ural Ataman, empresário ligado à energia e ao petróleo, com escritórios em várias partes do globo, diz que a aposta será colocar as nozes no mercado mundial.

Os seus 85 anos não o impediram de investir neste projeto. “As pessoas em Castelo Branco e em toda esta região são beneficiadas com este investimento. Isto é uma fábrica a céu aberto, que está sujeita à natureza. É um negócio de risco que, se resultar, gostaria que fosse seguido por outras pessoas. Se temos água podemos produzir produtos que são mais valorizados que, por exemplo, um quilograma de carne de vaca”, explica.

Natural de Istambul, onde possui um Museu de Automóveis Clássicos, Ural Ataman olha para este investimento na perspetiva de abraçar outros mercados. Na Turquia tem também 100 hectares de amendoeiras plantados. Enquanto nos mostra os dados de exportações de nozes dos Estados Unidos para o resto do mundo, fala-nos num mercado que diz ser global, dando depois os exemplos da Turquia, Espanha e Portugal.

A grande região produtora de frutos secos do mundo é a Califórnia, mas nos Estados Unidos começa a haver o problema da falta de água para as produções. Portugal, em especial a nossa região, é por isso uma oportunidade.

ÁGUA Rui Santos, responsável pela herdade da Companhia do Lucriz, recorda que há alguns anos o Estado português e a União Europeia investiram cerca de oito milhões de euros na construção de uma barragem e de um sistema de rega sob pressão. A barragem tem uma capacidade para armazenar 3,6 milhões de metros cúbicos de água. É essa água que está a ser utilizada neste projeto.

O investimento da Companhia do Lucriz permitiu a instalação de um sistema de rega gota-a-gota que é abastecido pela água da barragem após a passagem por uma estação de filtragem que Rui Santos diz ser a maior do país. “Só após o quarto ano de plantação é que vamos ter nozes”, explica, enquanto revela que vai ser feita uma experiência, em quatro hectares, para a produção de noz «pecã» e amêndoas.

Dos cerca de 560 hectares que a Companhia do Lucriz possui, 165 deverão estar plantados com nogueiras até ao final deste ano. Mas muitos dos terrenos que fazem parte da propriedade estavam plantados com eucaliptos. Algo que está a mudar. Rui Santos revela que todos os eucaliptos estão a ser retirados dos terrenos. “Tínhamos 120 hectares com essas árvores. Estamos a arrancá-las. Não queremos eucaliptos! Temos água disponível e iremos aproveitar as terras para outras culturas”, justifica. Para já ainda não está definido o que ali vai ser feito, mas uma certeza Ural Ataman e Rui Santos têm: eucaliptos não.

A companhia emprega já 20 pessoas. Quatro portuguesas, uma do Turquestão, uma paquistanesa e as restantes indianas. “Todos os nossos colaboradores têm contrato de trabalho e a sua situação em Portugal regularizada”, assegura.

Na quinta, os hectares de nogueiras plantadas perdem-se de vista. Todas as árvores estão ordenadas e com rega gota-a-gota. Em setembro vai começar a ser relvado o espaço que se encontra entre as filas das árvores. Num outro local dão-se os primeiros passos para a instalação de uma nova estação de filtragem da água da barragem. Uma estrutura importante para que o sistema de rega não fique entupido.

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