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Uma economia diversificada

Luís Beato Nunes - 23/02/2017 - 10:50

Nas últimas décadas o setor do turismo reforçou o seu peso na riqueza gerada todos os anos em Portugal, com especial destaque para as cidades do Porto e de Lisboa e para a região do Algarve, mas também através da consolidação de destinos habituais, como a Madeira, e o aparecimento de novas ofertas turísticas como os Açores, com o lançamento de voos low-cost, e a exploração dos caminhos do Douro e das suas paisagens trabalhadas pela vinha.
Na Beira Baixa, a Serra da Estrela e as aldeias históricas continuam a ser a principal atração que todos os anos cativa turistas nacionais e espanhóis a passar alguns dias, sobretudo pelos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte, não sendo Castelo Branco um dos destinos mais escolhidos pelos turistas que visitam o distrito.
Apesar da oferta hoteleira e das qualidades hospitaleiras, tanto o concelho de Castelo Branco, como o de Idanha-a-Nova acabam por ser zonas de passagem dos turistas que escolhem outros concelhos para pernoitarem. Idanha-a-Nova é, sem dúvida, um dos concelhos que se destaca pelas paisagens naturais mais ricas do sul da Beira Baixa, primando pela preservação das suas aldeias históricas, como Monsanto, Idanha-a-Velha ou Penha Garcia, mas sem se destacar no número de dormidas
«Castelo Branco cidade, onde a própria claridade tem mais folgo e magia» é um meio urbano que testemunhou nas últimas décadas um desenvolvimento inigualável, sendo hoje um espaço que oferece uma extraordinária qualidade de vida aos seus habitantes, mas ainda pouco virada para o turismo, o que não deixa de ser estranho, uma vez que podia beneficiar da sua localização geográfica e da sua oferta hoteleira para facilmente cativar o turismo da vizinha Espanha.
No entanto, confesso que compreendo a aparente falta de aposta no setor do turismo, sobretudo no concelho de Castelo Branco, uma vez que se trata de uma luta desigual com a Covilhã e Fundão, concelhos privilegiados por uma natureza magistral que no inverno atrai os amantes da neve e no verão os que se aventuram pelos trilhos das serras, seja a pé seja em veículos todo-o-terreno.
Devo acrescentar, ainda, que os vários concelhos da Beira Baixa têm as suas vantagens comparativas, devendo explorá-las e aproveitá-las, sem a competição mesquinha que tantas vezes tem gerado ódios desnecessários entre beirões e guerrinhas que em nada beneficiam a região.
As comparações são sempre boas desde que sirvam para aprender com o que de melhor os outros fazem, mas não se devem tornar em exercícios de inveja entre diferentes concelhos da Beira Baixa, porque já nos basta ter de lidar todos os dias com a interioridade e a ausência de poder político nas principais decisões estratégicas nacionais.
Pessoalmente, percebo a crescente aposta no turismo regional, mas considero-o um setor ainda frágil e, como toda atividade turística, muito volátil e obviamente sazonal, pelo que uma aposta neste sector é sempre uma aposta de elevado risco, apesar de poder vir a dar resultados no futuro.
Como mais uma vez ficou evidenciado no ranking das maiores empresas da Beira Baixa, os concelhos do sul, sobretudo Castelo Branco e Vila Velha de Ródão, têm vindo a apostar na concentração de unidades industriais de grande e média dimensão que alavancam a actividade industrial a montante e a jusante, sendo uma aposta igualmente válida para as respetivas economias locais, sendo nesta diversidade que o futuro da economia regional deve assentar. 

luis.beato.nunes@gmail.com     

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