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Obras deAdelaide Salvado: Dois livros de requintado sabor regionalista

Fabião Baptista - 05/01/2017 - 9:46

Mais duas obras literárias, acabam de sair, da erudita caneta da escritora, e investigadora, Maria Adelaide Neto Salvado: “As festas de São Pedro – Monforte da Beira” e “50 anos do Orfeão de Castelo Branco”. São dois preciosos documentos literários, com impecável apresentação gráfica, saídos do prelo da RVJ Editores. 

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Mais duas obras literárias, acabam de sair, da erudita caneta da escritora, e investigadora, Maria Adelaide Neto Salvado: “As festas de São Pedro – Monforte da Beira” e “50 anos do Orfeão de Castelo Branco”. São dois preciosos documentos literários, com impecável apresentação gráfica, saídos do prelo da RVJ Editores. É um trabalho que envolveu exaustiva investigação, onde a subtileza do inconfundível estilo literário da escritora, se encontra bem patente, através duma explanação literária, despida de estéreis artificialismos e escusada roupagem tautológica, mas onde a difícil arte de escrever bem e a grandeza de alma da sua autora, se perfilam de mãos dadas, em cada linha que se lê, fruto de múltiplas vivências e de denodado esforço intelectual de persistente investigação.  Estas obras literárias, estão escritas com cristalina simplicidade e uma tal fluidez de formas, que torna a narração pujante de vivacidade, toda ela vazada numa prosa versátil, desempoeirada e solta, embora sem nunca descurar uma corretíssima estrutura semântica, para que, através de uma cuidada escrita, o leitor se sinta entusiasmado, revivendo os sentimentos de religiosidade, que galvanizam o povo e a escritora, ao escrever sobre temas tão apaixonantes, de vivências comunitárias e teológicas. 
São dois preciosos livros, de fecunda inspiração, onde o dedo da genialidade tocou Adelaide Salvado, de forma bem patente e visível. 
Com 89 páginas, “As festas de São Pedro – Monforte da Beira” são fruto de aturada investigação bibliográfica e biblicista onde é escrito, ao pormenor, o que é o misticismo cristão, através de uma cuidada incursão por temas bíblicos, onde a figura de São Pedro serviu de suporte axiológico-normativo, para desenvolver o seu bem elaborado trabalho intelectual, sobre o apóstolo pescador de homens e que caminhou sobre as águas do mar da Galileia. Descrevendo o mundo vivencial do tradicionalismo cristão, o que é conseguido através de flamejante realismo, a autora embrenha-se na história e nas diferentes devoções a São Pedro, praticadas nas mais diversas regiões do país. 
Profusamente ilustrado, tem uma soberba apresentação gráfica. Por sua vez, inspirada em-acontecimentos do dia-a-dia, “50 anos do Orfeão de Castelo Branco”, impõe-se como uma inédita obra literária, narrada com talentosa erudição, por Adelaide Salvado, sempre com inexcedível equilíbrio descritivo e absorvente realismo. 
Todos os detalhes, minudências e peripécias porque passou o Orfeão de Castelo Branco, são narrados com segura objetividade, sem artificialismos vazios de sentido, sem lacunas, nem eufemismos ou obsessões tendenciosas.
Sensível ao aspeto essencial, aos factos ocorridos, Adelaide Salvado dá-se a revelar como uma escritora, possuidora de imensos recursos literários, grande pundonor e apreciada versatilidade descritiva. 
Tanto nas “Festas de São Pedro” como nos “50 anos do Orfeão de Castelo Branco”, Adelaide Salvado apresenta-nos duas Obras literárias fragmentadas em temáticas diferentes, dirigidas, particularmente, aos sentimentos religiosos e à ruralidade ancestral do povo crente, assim como à comunidade albicastrense. 
Neste contexto, a autora torna-se uma verdadeira impressionista, dado o pendor que tem, na observação meticulosa e na descrição dos acontecimentos, que orla de cromatologias realistas de pura autenticidade, onde não faltam os movimentos e os contornos contrastantes, de pura beleza e singular objetividade. 
A penetrante beleza descritiva de Adelaide Salvado, a graciosidade de forma e a sobriedade narrativa, não só se encontram, na leitura destes livros, como levam o leitor, mesmo os menos propensos à leitura, a terem dificuldade de interromperem o poder destritivo destes livros. Sem estar subordinada a praxes literárias, ou a estilos linguísticos, a tendências políticas ou sensibilidades ideológicas, Adelaide Salvado descreve os acontecimentos, com profundo realismo e total independência descritiva. 
São dois livros dignos de figurarem nas estantes de todos os lares da região. E isto porque a memória mais não é, do que o instante de repouso, assim como a nostalgia é o clarão suave e ledo, que nos ilumina, pois que recordar, para além de ser também uma vivência humana, é, acima de tudo, uma consolação infinita. 
Um contributo de grande valia literária, para a literatura beira-baixana. 

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