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Os Estados Unidos e o ambiente. A geopolítica do imediato

Luís Beato Nunes - 08/06/2017 - 15:06

A semana passada ficou marcada por mais uma decisão isolacionista da administração Trump ao exigir uma renegociação do Acordo do Clima de Paris, o qual tinha sido ratificação pela administração Obama.
A UE, através do Presidente francês, Emmanuel Macron, da chanceler alemã, Angela Merkel, e do primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, já apelou a uma “rápida aplicação” dos objetivos do acordo no domínio do financiamento climático e pediram a todos os países signatários para acelerarem as medidas de combate às alterações climáticas. 
O Presidente francês foi mais longe e declarou que este é o momento de fazer o nosso planeta grande outra vez («Make our Planet Great Again»), numa clara alusão ao slogan adoptado pelo próprio Trump na sua campanha presidencial. 
Os três líderes europeus assumiram igualmente o compromisso de intensificar os esforços para ajudar os países em desenvolvimento “em particular os mais pobres e os mais ameaçados” para alcançarem os seus objetivos em matéria de clima.
Mesmo nos EUA a decisão da administração Trump esteve longe de ser consensual, com várias multinacionais, da indústria petrolífera ao sector automóvel, a expressarem a decepção após o anúncio de Trump e a reafirmarem a sua determinação em prosseguir os esforços para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2).
Empresas como a Google, a Apple, a Disney ou a Exxon Mobile prometeram manter o empenho no Acordo de Paris e estados americanos como a Califórnia, New York, Florida, New Jersey e Washington já expressaram o seu desacordo com a decisão do Presidente.  
Entre empresas e estados americanos, os responsáveis por mais de 30% da riqueza anualmente produzida nos EUA expressaram claramente na semana passada a sua posição frontalmente contra a decisão da administração Trump.  
Pouco depois de se desvincular do Acordo do Clima de Paris, Donald Trump pediu ao Supremo Tribunal para rever a decisão judicial que suspendeu a proibição de entrada no país de cidadãos de vários países de maioria muçulmana. 
No seguimento do isolacionismo americano, Trump já tinha renunciado a um Acordo Comercial Transpacífico (o TPP) para fazer face à crescente influência da China no Pacífico, e afastou-se de um eventual Acordo Comercial com a UE, o qual já foi ratificado pelo Canadá.
Mas o isolacionismo de Trump vai para além dos acordos comerciais, ao assumir a necessidade de rever o Artigo 5.º da OTAN, o qual prevê uma resposta militar conjunta dos aliados perante um ataque a um dos membros da Aliança Transatlântica.
Ainda antes da desvinculação dos EUA do Acordo de Paris, o Presidente da Comissão Europeia e o Presidente do Conselho Europeu anunciaram a disponibilidade da UE em cooperar com a China em matérias comerciais e ambientais, deixando os EUA cada vez mais isolado na economia mundial. 
Assim, com a administração Trump cada vez mais isolada, crescem as oportunidades para a China se posicionar como potência mundial, aproveitando o desleixo dos EUA para reforçar a sua influência no mundo.
Em suma, ao contrário dos grandes estadistas, Trump gere os EUA como se estes fossem mais uma das suas empresas, procurando o lucro imediato sem qualquer visão estratégica para sua política externa, desiludindo os seus aliados, bloqueando acordos de comércio livre e antagonizando o progresso tecnológico. 
luis.beato.nunes@gmail.com

 

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