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Pais em tempo de crises: É tempo de AGIR

Mário Freire - 30/11/2016 - 10:11

O título desta crónica não é meu. Ele encabeça um correio electrónico que me foi enviado por um amigo e refere-se a um ídolo que, actualmente, está no topo da popularidade. Jovens, muitos pais, alguns dos quais fazendo-se acompanhar pelos seus filhos, crianças e adolescentes, vão aos espectáculos do Agir. Tal é o nome desta estrela, jovem de 28 anos, filho do cantor Paulo de Carvalho e da actriz Helena Isabel. Este cantor, para dar mais brilho à sua actuação, no seu espectáculo de 19 de Novembro passado, no Coliseu de Lisboa, pediu a namorada em casamento no meio do concerto. Este facto que, julgo, não estava no programa, originou nada menos que 41.937 comentários no facebook, segundo o que pude apurar no segundo dia após o acontecimento. Retiro, a título exemplificativo, dois desses comentários de fãs. Um deles: “Estive ontem no coliseu com os meus filhos Tiago e Miguel que sabem as letras todas. Adorámos o concerto e pulámos o tempo todo...” Outro comentário: “… A minha filha Soraia, de entre outras meninas e meninos, choraram por não terem conseguido estar contigo por breves instantes, tu que és um ídolo para eles...”
A decência e o respeito por quem me lê impedem-me, mesmo parcialmente, de colocar aqui as letras que foram aludidas no 1º comentário. Elas, no entanto, são de acesso fácil, através de uma simples pesquisa na internet. Os títulos de algumas delas são de uma tal grosseria que fazem corar alguém menos avisado. Por outro lado, uma boçalidade que tresanda a sexo e a ausência de qualquer sentido poético dessas letras, em que a língua portuguesa se vai misturando com pequenas expressões inglesas, tudo isto acompanhado pela música batida e ritmada, fazem desta amálgama um êxito para as crianças, jovens e adultos. Ora, neste fenómeno, o que me parece estranho é que se os filhos sabem as letras, os pais são capazes de as não saberem ou, então, fingirem que as desconhecem. Por outro lado, parece que esta superficialidade, deseducada e quixotesca, se torna necessária para se ter visibilidade a qualquer custo.
Lamento que o Agir, cujo pai está ligado a canções que nos têm honrado com as melhores letras e músicas, enveredasse por um estilo de canção medíocre e rasteira. No entanto, o que mais deploro é que certos pais, que tanto se queixam da ausência de valores, do desrespeito que os filhos têm para com eles e da violência a que os media os sujeitam, não tenham relutância em acompanhá-los a este tipo de concertos! Que autoridade têm eles para exigir dos filhos compostura nos actos e na linguagem? Como é que estes pais querem que os filhos os respeitem se eles próprios se expõem ao desrespeito e em público? 

freiremr98@gmail.com

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