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A vitamina N

Mário Freire - 22/06/2017 - 9:43

Anda a circular na internet um filme de John Rosemond, psicólogo americano, especializado em questões da família, e que trata daquilo que ele designa de vitamina N. Afinal o que é esta vitamina? Simplesmente a palavra Não. Diz ele que muitas das crianças de hoje sofrem desta “avitaminose”, a qual irá ter consequências na própria sociedade. Ele ilustra o caso dos pais de um menino de 5 anos a quem, praticamente, tudo era dado o que desejava. Claro que os pais queriam que o filho fosse feliz mas a criança parecia não o ser. Ela mostrava-se arrogante, frequentemente mal-humorada e exigente. E começava já a ter problemas de relacionamento com os colegas. Estaria a criança deprimida? Precisaria ela de algum tratamento? Depois de falar algum tempo com os pais desta criança, Rosemond disse-lhes que aqueles comportamentos evidenciavam que eles estavam a satisfazer-lhes todas as vontades, mesmo as mais inadequadas. E aquela excessiva tolerância com os desejos da criança estava a gerar nela um comportamento vicioso que poderia conduzir a um ponto de não retorno. O que o menino estava a precisar era de uma dose saudável e constante de vitamina N. Quando as crianças obtêm aquilo que querem sem qualquer esforço, passam a exigir cada vez mais. Elas habituam-se a obter o que desejam não pelo trabalho, esforço ou sacrifício mas, antes, pelo choro, teimosia ou manipulação. Fazendo-se-lhes a vontade, está a ensinar-se às crianças que podem obter qualquer coisa a partir do nada. Ora, aos pais pede-se que cuidem das necessidades de protecção, de carinho e de orientação dos seus filhos. Mas estes necessitam, para uma educação integral, que se lhes diga mais vezes “não” do que “sim”, quando se trata de satisfazer desejos caprichosos. As crianças e os adolescentes têm que aprender o valor do esforço construtivo que se opõe ao choro, ao grito, à manipulação, pondo um dos pais contra o outro; eles têm que aprender que o trabalho é a maneira gratificante de obter qualquer coisa de valor na vida. Entre outros aspectos, Rosemond enuncia um princípio – o da privação benigna – segundo o qual os pais deveriam dar aos filhos o que eles realmente precisam, mas não mais do que 25% do que eles, simplesmente, querem. “Quando tudo isto é feito”, diz Rosemond, “a palavra que traduz o que mais constrói o carácter é Não.” freiremr98@gmail.com

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