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Pais em Tempos de Crises: Quanto dura uma relação?

Mário Freire - 14/09/2017 - 10:16

Ninguém escolhe a sua família mas é dela que nós provimos e é nela que reside a nossa primeira fonte de felicidade. Além disso, é aí que se forjam os alicerces da personalidade das crianças, mulheres e homens de amanhã, os construtores da sociedade. Por isso, em todas as culturas, a família é considerada a primeira instituição a proteger, a acarinhar, a apoiar. 
De igual modo, a família tem sido objecto de inúmeras pesquisas por parte de cientistas, tendo em vista apreender os mecanismos que nela têm lugar. É neste sentido que se inserem as investigações levadas a cabo por John Gottman. Este cientista da Universidade de Washington passou cerca de quarenta anos a observar milhares de casais, em ambiente laboratorial, nas interacções que estabeleciam quer nos gestos, quer nas falas. E estas tanto se referiam a assuntos do quotidiano como a discussões que, por vezes, se desencadeavam. 
O seu livro “O que faz o amor durar” (2014), de colaboração com Nan Silver, traduzido em Português pela editora brasileira Fontana, tem como subtítulo “como construir a confiança e evitar a traição”. Ora, Gottman alarga o seu conceito de traição, não o reduzindo a um caso sexual mas, antes, à progressiva deterioração do relacionamento entre o casal. Assim, para os autores, “quando o marido coloca a carreira na frente do relacionamento, trai. Se a mulher persiste em quebrar a promessa de iniciar uma família quando o marido está ansioso por ter filhos, também trai.” Além disso, a frieza que se estabelece entre marido e mulher, associada à intolerância, à falta de serenidade e ao egoísmo e a tantos outros comportamentos destrutivos, são, segundo os autores, evidências de traição e podem levar a consequências devastadoras para a relação que está a viver-se. 
Ora, a durabilidade de uma relação afectiva depende, diz Gottman, da confiança mútua que conseguir estabelecer-se entre o casal, e dos pequenos gestos que se fazem quotidianamente, de frases simples, banais (como cada um saber, ao despedirem-se, o que o outro vai fazer durante o dia). Todos estes quase-nadas, mas significativos, afinal, podem ser o alimento daquela escuta mútua que está na base do diálogo e que promove o desejo de se construir uma vida em comum. 
freiremr98@gmail.com

 

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