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Pais em Tempos de Crises: Violência infantil e adolescente

Mário Freire - 07/07/2017 - 10:34

Daniel Marcelli é um psiquiatra infantil francês, autor de variados trabalhos no âmbito da infância e adolescência. Ele deu no passado mês de Abril, na revista “Sciences Humaines”, uma entrevista sobre a violência naquelas idades.
Ora, a violência na infância e adolescência tende, cada vez mais, a ser combatida por medicamentos. No entanto, segundo Marcelli, a maior parte das vezes, ela nasce do contexto familiar e do ambiente que a rodeia. Assim, uma criança e um adolescente tornam-se violentos na medida em que sofreram ou foram expostos à violência. Se crianças e adolescentes, fazendo algum disparate, são agredidos pelos pais, eles próprios estão mais predispostos a agredir os outros, perante qualquer situação que lhes desagrade. De igual modo, se eles vêem, por exemplo, o pai bater na mãe, irmão ou irmã, mais facilmente irão reproduzir esse tipo de comportamentos junto de outros. Os comportamentos dos pais são os seus primeiros modelos sociais. Por outro lado, diz o pedopsiquiatra citado, um ambiente demasiado permissivo gerará, igualmente, violência nas crianças e adolescentes. Na verdade, estes, não tendo aprendido a respeitar limites, a estabelecer fronteiras entre o que é adequado e o que não é adequado, poderão sentir que tudo lhes é possível fazer. 
Uma outra questão é a de saber se os jogos vídeo e outros media têm responsabilidade na violência em idades infantis e adolescentes. Ora, parece que a violência que é observada nestes suportes alimenta comportamentos violentos, principalmente se as crianças e adolescentes se encontram, horas a fio, sozinhos, sem que algum adulto os acompanhe. Nestes casos, segundo Marcelli, eles arriscam-se a desenvolver “uma forma de saturação, de confusão entre o mundo real e o virtual.” Por outro lado, lembra-se que cenas de violência e destruição existem, desde há muito, no cinema e televisão e elas permitem ao espectador, de certa forma, satisfazer as suas pulsões destrutivas e evitar que ele próprio seja um destruidor.
Enfim, voltando ao princípio da crónica, a resposta medicamentosa à violência deve ser excepcional e sob vigilância médica, diz o entrevistado. O acompanhamento da criança ou adolescente, e respectivos pais, por um psicólogo pode ajudar a reduzi-la e a ultrapassá-la. Em todas as circunstâncias, o ambiente familiar e o seu funcionamento são fulcrais para que crianças e adolescentes possam crescer em harmonia e em paz consigo próprios e para com os outros. 
freiremr98@gmail.com

 

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