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Pais em tempos de crises: A adolescência e a construção da autonomia

Mário Freire - 24/11/2016 - 9:26

Ser pais de filhos adolescentes não é, de uma maneira geral, tarefa fácil. Na verdade, é na adolescência que os filhos evidenciam uma maior mudança na relação que têm com os pais, traduzindo-se ela numa mais acentuada autonomia emocional. Ora, este movimento para a autonomia é não só natural como desejável. Se ele não ocorrer pode significar perturbação no desenvolvimento emocional do adolescente. Pelo contrário, se ele assumir formas de constante conflito e de grande intensidade, algo de anómalo pode estar a passar-se na relação entre pais e filhos. Os pais têm que compreender que os filhos não são meros prolongamentos de si próprios. Os adolescentes têm a sua individualidade e podem não responder quer às expectativas que os pais tinham em relação a eles, quer às frustrações académicas e profissionais que muitos daqueles pais sofreram. Os adolescentes, desde que alicerçados em relações saudáveis com os pais e com a consciência de que com eles podem sempre contar, precisam de percorrer o seu próprio caminho, ainda que neste haja erros, desencontros ou frustrações. 
Habituados a uma obediência mais ou menos fácil, a um questionamento das propostas dentro dos limites da tolerância, há, agora, da parte dos pais, que fazer um esforço de adaptação a uma realidade que, desde há muito, se vinha esboçando através de pequenas birras ou choros inconsequentes. A contestação, nesta altura do desenvolvimento adolescente, pode ocorrer durante o diálogo. Significa isso que os filhos deixaram de ter o amor que sentiam pelos pais? Não! Essa tensão, no geral, é apenas a manifestação das contradições emocionais que eles estão sofrendo. Mais uma razão para os pais assumirem uma postura de serenidade que faça acalmar os filhos mas, também, que tentem ver o outro lado da questão, tal como por eles lhe é apresenta. Há que não cair nem no autoritarismo que conduz ao corte do diálogo e à revolta, nem na negligência em que, para evitar o desagrado pela desobediência, os pais fecham os olhos àqueles limites inultrapassáveis, para além dos quais não pode haver tolerância. 
freiremr98@gmail.com

 

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