Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

pais em tempos de crises: A autoridade dos pais

Mário Freire - 28/06/2018 - 9:29

Saiu no final do ano passado um livro do ensaísta J. Pinsolle intitulado “As práticas da educação familiar” em que ele disserta sobre a autoridade dos pais. É claro que estes se preocupam com o modo como os seus filhos se comportam, se sabem usar a delicadeza nas suas relações quotidianas, se empregam o “se faz favor” ou o “desculpe”. Os pais continuam a desejar que os filhos lhes obedeçam. 
A partir dos anos 1960, contudo, o paradigma educacional mudou significativamente. A partir de então, os teóricos da educação começaram a defender que a criança, mais do que a obediência aos adultos, possa ser livre e capaz de fazer face às frustrações que a vida lhe irá trazer. 
Segundo Pinsolle, o diálogo, a autonomia e a confiança são três pilares em que deve apoiar-se a educação moderna. Eles, no entanto, mais do que excluir, implicam o estabelecimento de limites, dando margem, no entanto, para que os pais e os filhos possam dialogar sobre o modo de aqueles limites não serem ultrapassados. 
A autoridade só poderá advir, seja na família ou em qualquer outra instituição, se ela tiver como fundamento a explicitação ou justificação das razões por que se pedem ou exigem determinados comportamentos ou atitudes. Só este tipo de autoridade, que é contrário ao poder absoluto e cego que só sabe exigir, sem dar explicações, e que é susceptível de provocar reacções agressivas, tem a capacidade de influenciar os outros e de lhes modificar os comportamentos. E esta explicitação ou justificação das razões é de sobremaneira importante na relação com os filhos adolescentes.
J. Pinsolle, num inquérito que fez a cerca de mil famílias, mostra que as práticas utilizadas pelos pais, no sentido de modificar certos comportamentos inadequados dos filhos, são muito diversificadas. Embora a maioria se arrependa de recorrer à punição severa, apenas 7% deles não a praticaram. Os pais parecem oscilar entre a educação liberal, atingindo o limite, por vezes, na ausência quase total das regras, e a educação autoritária, rígida, da imposição sem a explicação.
O ideal parece, então, encontrar-se numa maneira de educar que concilie o diálogo com os filhos, o dar-lhes autonomia e o mostrar-lhes confiança, com a autoridade dos pais para estabelecer limites que não poderão ser ultrapassados.
freiremr98@gmail.com

COMENTÁRIOS