Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Pais em tempos de crises: A família para além do Ocidente

Mário Freire - 12/07/2018 - 11:06

Aqui se tem tratado da família de tipo ocidental e das expressões que ela vai assumindo. Ora, a nível mundial, a difusão da escolaridade básica, muito especialmente a das raparigas, permitiu que as diferenças entre homens e mulheres se esbatessem. Para as novas gerações, mais do que constituir família e ter filhos, é-lhes mais importante encontrar um emprego, adquirir uma autonomia financeira e, assim, fugir aos antigos costumes de casamentos arranjados. 
Socorrendo-me dos debates de Auxerre de 2017, citados em crónica anterior, direi que noutras partes do mundo, a cultura dos povos continua a ser, ainda, uma força que modela os costumes das famílias. Assim, no Leste e Sudeste asiático (China, Coreia do Sul, Taiwan…, embora a família alargada, reagrupando avós, pais e filhos, esteja a ser substituída pela família nuclear (pais e filhos habitando sob o mesmo tecto), a influência da tradição faz com que os papéis reservados aos homens e às mulheres se mantenham. Isto é mais evidente nas classes médias em que a mulher cuida da casa, enquanto que o marido trabalha para assegurar a subsistência da família. Tal não acontece nas classes populares, em que mulher e marido trabalham fora de casa para angariar o sustento. Além disso, a ausência ou a debilidade dos sistemas de protecção social faz com que a solidariedade intergeracional se mantenha e que a mulher tenha o papel principal na educação dos filhos.  
Quanto ao Japão, desaprovam-se as mulheres que trabalham enquanto têm filhos. E não há sistema de apoio público para as ajudar a conciliar o trabalho com a vida familiar, ao contrário de outros países ocidentais. Por isso, a mulher, privilegiando a sua autonomia, vai optando, cada vez mais, pela sua carreira profissional, em desfavor da família. Não é de admirar que a taxa de fecundidade neste país seja das mais baixas do mundo.
Quanto à Índia, ela resiste, nos meios rurais, às tendências modernas: 3/4 dos casamentos são arranjados pelos familiares e a família alargada continua a dominar, garantindo-se, assim, uma solidariedade entre os seus membros, numa sociedade em que o Estado Social está pouco desenvolvido. Nos meios urbanos, as uniões livremente consentidas estão a aumentar e o número de divórcios sobe em flecha.
Na África subsariana, os Estados adoptaram medidas políticas para limitar o crescimento demográfico. Os modelos de famílias em África são muito diversificados, consoante as culturas existentes. Locais há em que a mulher desempenha o papel que, no Ocidente, está comumente atribuído ao homem. Noutras culturas ainda existe a poligamia, embora em franco declínio.
A família, ao longo dos tempos, e apesar de todas as vicissitudes por que está a passar, nos diferentes locais da terra e nas diversas formas que assume, foi e continua a ser a instituição natural onde um indivíduo se torna pessoa. 
freiremr98@gmail.com

 

COMENTÁRIOS