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Pais em tempos de crises: A não-violência pode ser aprendida?

Mário Freire - 29/12/2016 - 9:33


Desde há 50 anos que o 1º dia de cada ano é dedicado à Paz. Neste 1º dia de 2017 o tema lançado pelo Papa Francisco foi o de que “A não-violência é o estilo de uma política para a paz”. Ora, a não-violência é uma atitude perante a vida que repudia qualquer forma de violência. Logo em S. Mateus, cap.5, é apresentada por Jesus, de uma maneira que pode chocar-nos, essa atitude: “Tendes ouvido o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra.” 
Mas, igualmente, Gandhi, o idealizador e fundador do Estado Indiano, inspirado nos valores derivados da crença tradicional hindu - verdade e não-violência – mas, também, no evangélico Sermão da Montanha, pôde fazer frente não só à discriminação racial na África do Sul como, mais tarde, na Índia, aos colonizadores ingleses. E nos seus métodos de luta nunca entraram a violência. 
De igual modo, Martin Luther King, pastor protestante, tornou-se num dos maiores líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo, fazendo da não-violência e do amor ao próximo a sua bandeira.
Ora, as “armas” dos não-violentos, se incluem em primeira instância o diálogo e o perdão, elas também abarcam a denúncia, o protesto pacífico, a desobediência civil, que se opõe a alguma ordem que fere gravemente a justiça, e, em caso extremo, a greve da fome. Todas estas formas de exercer a não-violência são, quase sempre, mais convincentes do que as que usam a violência porque elas não ferem o corpo do agressor mas, sim, a sua consciência. 
Não admira, por isso, que o Papa Francisco tenha escrito esta mensagem numa altura em que o mundo se encontra, como ele diz, “a braços com uma terrível guerra aos pedaços.” Uma via para fazer face a esta guerra é, segundo ele, “saber resistir à tentação da vingança” e então “as vítimas da violência podem ser os protagonistas mais credíveis de processos não-violentos de construção da paz”. A não-violência aprende-se e difunde-se. São muitos os exemplos de acção não-violenta onde pessoas, nos seus lares, tentam realizar a paz. Mas, também, nas organizações elas trabalham com o objectivo de denunciar e erradicar as diferentes expressões de violência de modo a obter-se uma sociedade pacífica. Ora, o primeiro espaço onde os filhos aprendem a não-violência é na família, através das atitudes e comportamentos que os pais vão tomando perante as circunstâncias que o dia-a-dia e a vida lhes vão apresentando. 

freiremr98@gmail.com

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