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Pais em tempos de crises: As preferências dos pais e as preferências dos filhos

Mário Freire - 23/11/2017 - 10:00

Foi organizada, há meses, em Bordéus, França, uma sessão em que diferentes adolescentes interrogaram um perito em dificuldades na adolescência. Trata-se de Xavier Pommereau, psiquiatra com várias obras publicadas neste domínio. De entre as inúmeras questões que lhe foram colocadas, destaco duas, por me parecerem que correspondem a situações vividas com alguma frequência no meio familiar e o principal do conteúdo das respectivas respostas.
- Por que é que os pais manifestam preferências na relação com os seus filhos?
Ora, cada filho é uma pessoa única, com as suas próprias características, capacidades e limitações. Segundo Pommereau, muitas vezes os conflitos entre irmãos dependem da atitude dos pais. Se estes fazem diferenciações entre os filhos, elogiando um deles e depreciando o outro, estes poderão transformar um pequeno diferendo em rivalidade, acabando por terem ciúmes um do outro e, até, virem a detestar-se. Por isso, diz o especialista, os pais têm que esforçar-se por tratar todos os filhos com o mesmo respeito. Há diferenças em função da idade, claro está. Um adolescente de 18 anos vê-se autorizado a fazer mais coisas (por exemplo, ter maior quantidade de dinheiro no bolso, sair mais vezes) do que o outro que tem apenas 12 anos. Mas isto não pode significar que os filhos sejam tratados de uma maneira inigualitária.
- Por que é que os filhos preferem muitas vezes o pai ou a mãe, em lugar de os preferirem igualmente? 
De um modo geral, os filhos tanto gostam do pai como da mãe mas, talvez, de um modo diferente. Se saímos do ventre materno, é natural que seja para a mãe que a criança em primeiro lugar se dirija quando se sente em dificuldades. A mãe, tradicionalmente, representa os afectos, enquanto que o pai a autoridade. Mas tal não poderá ser considerada como lei e, muitas vezes, é o pai quem dá o abraço de que o filho necessita e a mãe o elemento mais distanciado que dita as regras. Além disso, um filho pode escolher umas vezes o pai, outras vezes a mãe, de acordo com os assuntos em relação aos quais veja ou que pode estar mais à vontade ou que o possa melhor ajudar num problema, ou com quem melhor se sintonize no tratamento de dado assunto. 
Enfim, uma relação tendencialmente estável e harmoniosa entre pai e mãe tenderá, igualmente, para relações harmoniosas e não assimétricas entre pais e filhos.
freiremr98@gmail.com

                                         

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