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Pais em tempos de crises: As relações sociais, reais e virtuais, na adolescência

Mário Freire - 31/08/2017 - 11:50

Alguns rapazes e raparigas sentem insegurança em estabelecerem relações sociais entre os seus pares. Para compensarem essa insegurança, eles acham-se mais protegidos, usando a internet. Com este meio de comunicação, aquele sentimento de estar só desaparece, tal como se atenua aquela fraca capacidade que alguns julgam ter para estabelecerem bons relacionamentos com os outros. Este tema, aliás, tem merecido a atenção de psicólogos e psiquiatras através de vários estudos e que se encontram referenciados no livro “Dependências online”, já nesta coluna citado. Ora, esta transferência exagerada para o mundo digital do exercício daquelas competências relacionais que a vida real exige, parece acentuar-se quando o funcionamento familiar é irregular. Este tipo de funcionamento pode traduzir-se de vários modos: por uma relação deficiente entre os pais, por uma comunicação pobre, seja ela escassa, conflituosa ou desequilibrada entre pais e filhos, etc.. Acontece, então, que os adolescentes possam procurar no mundo virtual aquilo que não encontram dentro de casa: a aceitação, a compreensão para os seus problemas, a amizade. Assim, através da internet, é susceptível de encontrarem uma sensação temporária de afecto e de pertença a um grupo. Estes sentimentos de bem-estar psicológico, dizem os peritos, podem originar o perigo de dependências da internet.
As relações existentes no mundo real e as que têm lugar no mundo virtual são, porém, de ordem diversa. Estas últimas, não tendo lugar face a face, sendo mais impessoais, faz com que nelas se entre e saia sem grandes limitações e com mínimas consequências. O mesmo não sucede com o primeiro tipo de relações, as de face a face. Ora, os adolescentes precisam de aprender o que são as relações na vida de todos os dias, em contacto directo com os outros e com a realidade. Daí decorrem alegrias mas, também, frustrações, tristezas e revoltas. Quando eles sentem estes sentimentos, os pais podem, então, ser, com muita paciência e diálogo, os grandes apoios que fazem crescer os filhos para a maturidade e para a responsabilidade, evitando, por outro lado, que eles entrem num mundo virtual que distorce a realidade da vida. 
freiremr98@gmail.com

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