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Pais em Tempos de Crises: Entre o estímulo e a resposta

Mário Freire - 24/05/2018 - 10:54

Decorreu no Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental da Universidade de Coimbra, em 2014, um estudo aplicada em 55 mulheres inférteis, de diferentes idades e a realizar tratamento médico, associado a um grupo de controlo, sem intervenção, constituído por 41 mulheres, igualmente afligidas pela doença, utilizando uma prática a que se denomina de “mindfulness”. Ora, verificou-se que as mulheres do grupo de controlo não tinham registado alterações psicológicas significativas; as que foram submetidas à experiência viram, por seu lado, diminuídos os seus sentimentos negativos de vergonha, de derrota, de ansiedade. E os ganhos mantiveram-se passados seis meses. Afinal, o que é o “mindfulness”?.
Ele consiste, segundo o coordenador desta investigação (José Gouveia) “num treino mental que ensina as pessoas a lidarem com os seus pensamentos e emoções. Muda o relacionamento com a nossa mente, ensina a distinguir o pensamento útil daquele inútil ou mesmo prejudicial”. Este tipo de abordagem ajudou as mulheres directamente envolvidas na investigação a darem atenção a outras dimensões das suas vidas que, até aí, tinham sido descuradas. 
O mindfulness “é o estar consciente do que se passa à nossa volta, das emoções, é focarmo-nos no Agora, o único tempo que existe”, segundo diz Vasco Gaspar no seu livro “Aqui e Agora”. Em média, passamos 47% do nosso tempo distraídos, “oscilando entre pensamentos do passado e projecções para o futuro”, diz aquele autor. Ora, a ansiedade advém de remoermos continuamente em acções do passado que já não podem ser modificadas ou, então, tentarmos solucionar situações futuras, difíceis, mas que ainda não ocorreram, e que, talvez, nem venham a ocorrer. 
Há uma frase, de grande sabedoria, atribuída a Victor Frankl, célebre médico austríaco, sobrevivente do Holocausto e que, podendo aplicar-se a todos nós, assume especial importância para os pais: “existe um espaço entre o estímulo e a resposta; é nesse espaço que reside a capacidade de escolhermos a nossa própria resposta.” Ora, esta pode ser de agressividade, de condenação prévia ou, então, aplicando algumas das atitudes propostas pelo mindfulness, de observação do momento presente, sem julgamentos antecipados, de paciência, de aceitação, de confiança. Estas atitudes, favorecendo psicologicamente as mulheres inférteis, contribuem, igualmente, se utilizadas pelos pais, para um desenvolvimento psicológico saudável da criança e do adolescente. 

freiremr98@gmail.com

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