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Pais em tempos de crises: O aleitamento materno e as doenças da civilização

Mário Freire - 20/04/2017 - 11:34

Começo por citar uma parte do epílogo do livro de João M. Videira Amaral, intitulado “Uma História Concisa da Alimentação e Nutrição nas Primeiras Idades”, Edições Ex-Libris (2016): “… já na segunda década do século XXI, a pandemia da obesidade em determinadas zonas do globo é uma realidade…” 
Infelizmente, Portugal já faz parte dessas zonas. Basta dizer que, segundo Amaral, “entre 1995 e 2005, observou-se um incremento da prevalência de excesso de peso e de obesidade de 46,9% para 53,6%.” Além disso, “…no ano de 2012, entre 2.232 crianças avaliadas com idade entre 1 e 3 anos, observou-se excesso de peso em 31,4% dos indivíduos, valor este englobando uma parcela de obesidade da ordem de 6,5%. Nos respectivos progenitores, com média de idade de 34 anos, também avaliados, verificou-se excesso de peso em cerca de 38% dos casos no sexo feminino, e em 61% no sexo masculino.” O Autor, mais adiante, refere que “a obesidade é uma doença envolvendo não só factores genéticos e ambientais (em mais de 90% dos casos), como também, factores comportamentais, neuroendócrinos e psicossociais.” Enumera, a seguir, várias doenças, de entre as quais a diabetes, a aterosclerose e a hipertensão arterial, dizendo, depois, que a sua “prevalência é tanto menor, quanto maior a duração do aleitamento materno, independentemente de ser associado a alimentação complementar…” 
Indo para além do objectivo do livro citado, iniciar-se-ia, agora, um outro grande capítulo da saúde: o do tempo de aleitamento materno. Considerando a importância deste tipo de alimentação no bebé como um dos factores determinantes da saúde dos filhos, quer como crianças, quer, depois, como adultos, o Plano Nacional de Saúde 2004-2010 recomendava o incentivo da sua prática e propunha que mais de 50% das mulheres amamentassem exclusivamente até aos 3 meses, como meta até 2010. Ora, segundo a Acta Pediátrica de 2013, embora algumas regiões a tenham atingido, a média do País rondou os 40%! 
Em rodapé, direi que o Professor João Videira Amaral, catedrático de Medicina, meu colega de turma dos antigos 6º e 7º anos no Liceu de Castelo Branco, em meados dos anos 50, é, segundo se lê na nota de apresentação do livro que tenho vindo a citar, “uma das figuras incontornáveis da Pediatria Portuguesa e do Mundo.” 
freiremr98@gmail.com

 

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