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Pais em Tempos de Crises: Os “sermões” e os adolescentes

Mário Freire - 23/06/2016 - 11:15

No seu sentido tradicional, um sermão é um discurso sobre um tema religioso pregado do púlpito. Acontece, porém, que nos dias de hoje, já não se fazem sermões e as homilias que têm lugar nas missas, para serem eficazes, terão que ser precisas, visando um determinado objectivo e breves. Quando o uso da palavra vai além dos 6 - 7 minutos já se vêem bocejos, olhares para o relógio, distracções variadas entre os fiéis. A palavra “sermão”, adquiriu, porém, um outro sentido, mais familiar, significando repreensão, censura. Terá a segunda significação a ver com a primeira, isto é, o facto de os sermões terem sido normalmente longos e fastidiosos equivalerem como que a uma censura ou repreensão?

Vem esta introdução a propósito dos sermões que, algumas vezes, os pais pregam aos seus filhos adolescentes, aqueles discursos em que os censuram asperamente mas que pouco contribuem para modificar os seus comportamentos desajustados.

Não existe uma estratégia única para modificar tais comportamentos dos filhos. A palavra, no entanto, não deixa de ser um meio eficaz, se adequadamente utilizado. O começar por ver as qualidades positivas dos filhos, aquilo que eles fazem de bem, pode proporcionar um bom início de conversa que ajude a ter um ambiente propício ao diálogo. Os pais centrarem-se só nos aspectos negativos estão a criar neles resistências que dificultam a escuta. Depois há o tom, o modo como se aborda o tema, aquilo que se pretende que o adolescente modifique. Não é com ralhos, com acusações destemperadas que eles passarão a ser melhores do que eram. Mais do que a recriminação aos filhos por determinada conduta, a manifestação do desgosto dos pais junto deles por terem assumido certas atitudes, por defraudarem a confiança que neles era depositada, a decepção que neles provocou, pode ter efeitos mais eficazes na modificação das suas condutas inadequadas.

Quando houve uma educação prévia de respeito mútuo entre pais e filhos, o adolescente pode sentir como castigo o verificar que os seus comportamentos foram motivo de desgosto para os pais. E esse sentimento pode trazer melhores resultados na modificação daquilo que se deseja do que os tais longos, ásperos e inúteis sermões. 

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