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Pais em tempos de crises: Para um mundo melhor

Mário Freire - 26/04/2018 - 10:23

Num estudo publicado no mês passado, dirigido por Stephen Bullivant, professor de Teologia e Sociologia das Religiões na Universidade de St. Mary, Reino Unido, em colaboração com o Institut Catholique de Paris, diz-se que em 12 dos 22 países, na Europa e outros culturalmente próximos, mais de metade dos jovens adultos declararam não se identificar com nenhuma religião. De entre os doze, a República Checa situa-se em primeiro lugar (91%), seguindo-se-lhe a Estónia (80%). No pólo oposto encontram-se Israel (1%) e, a seguir, a Lituânia (17%). Quanto a Portugal, 42% dos jovens não se identificam com nenhuma religião. Diz o investigador que, “nos próximos 20 a 30 anos, as igrejas convencionais cristãs, na Europa, serão mais pequenas mas as poucas pessoas que nelas ficarão serão altamente comprometidas.”
Ora, a partir da queda do Império Romano, o cristianismo começou a afirmar-se. Ele foi, com os valores que veiculava, e com uma unidade constituída por diversidades, o grande motor da construção europeia. O cristianismo, segundo o Prof. João Duque, da Universidade Católica, como constelação cultural e social euro-asiática, unificava em si elementos judaicos, gregos, romanos e “bárbaros”, sob o controlo político do Imperador ou do Papa.
Mas, afinal, que valores veicula o cristianismo? Duas grandes normas foram deixadas por Jesus Cristo à humanidade: amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo. Mas, para um cristão, uma norma sem a outra não faz sentido e elas, enraizando-se no íntimo de cada pessoa, irão orientá-la nas suas tomadas de decisão. Por isso, essa herança milenar dos valores cristãos contribuiu para que a Europa continuasse, ainda, a ser aquele espaço onde os direitos humanos, em que o respeito pela vida, pela sua dignidade, pelas diferenças entre as pessoas, independentemente das suas convicções políticas ou outras, não fossem conceitos vãos.
Pode ter-se fé em Deus, independentemente da religião que se professe. No entanto, a perda dos valores cristãos representa uma perda civilizacional mas, igualmente, uma perda para a relação entre as pessoas e para cada um, individualmente. Instruir os filhos nesses valores é contribuir para fazer deles pessoas que, acreditando em Deus, acreditem, igualmente, que está nas suas mãos a construção de um mundo melhor. 
freiremr98@gmail.com

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