Um desafio às famílias
Saiu há pouco um Documento do Papa Francisco (A alegria do amor) dirigido às famílias cristãs mas, também, a todas as outras, encorajando-as a procurarem um modo de viver na paz, na alegria e no amor. Este documento, uma “exortação apostólica”, vem na sequência de um sínodo dos bispos de todo o mundo católico, de inquéritos, de consultas e de muitos debates. O texto, com mais de 200 páginas (Ed. Paulinas), logo no início, estimula as famílias “… a manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência.” Além disso, ele propõe-se “encorajar todos” (cristãos e não-cristãos) a serem na família sinais de “misericórdia e proximidade” e onde nem sempre a paz e a alegria são realidades perfeitas ou conseguidas.
Ainda no início desta exortação tocam-se em variados temas, proporcionando, desde logo, um despertar da curiosidade para esta espécie de roteiro da felicidade para o viver em família. Mas a felicidade não é algo que nos caia nas mãos sem esforço; ela vai-se construindo no dia-a-dia dentro do agregado familiar com “paciência, disponibilidade para servir, amabilidade, perdão, confiança…”, no meio das contingências, por vezes difíceis, que a realidade nos oferece.
Além disso, sem pôr em questão a “unidade de doutrina” que é necessária na Igreja, este documento não exclui que existam maneiras diferentes de interpretar alguns aspectos dos seus ensinamentos ou algumas consequências que deles decorrem. Trata-se, pois, de uma exortação que não é um conjunto de dogmas, que não pretende impor regras rígidas mas que procura soluções para o viver dos afectos e da paz dentro da família, em alegria. Pretende, ainda, que essas soluções estejam mais dentro da cultura da sociedade contemporânea e mais “atentas às tradições e aos desafios locais”.
Trata-se, pois, de um Documento, escrito numa linguagem simples, para ser lido com vagar e que merece uma reflexão séria.