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Pais em tempos de crises: Um olhar sobre divórcios e separações

Mário Freire - 13/10/2016 - 9:26

Na Pordata (Base de dados sobre Portugal contemporâneo), pode ver-se a evolução do número de divórcios por 100 casamentos, em Portugal, a partir dos anos 60. O quadro que nessa Base se apresenta é, resumidamente, o seguinte:
- década de 1960 – 1,1; década de 1970 – 0,6; década de 1980 – 8,1; década de 1990 – 12,9; ano 2000 – 30,0; ano; ano 2005 – 46,4; ano 2010 – 68,9; ano 2013 – 70,4. Não encontrei dados posteriores a este último ano nessa Base e a percentagem que nele se refere corresponde a 22.525 divórcios. Não tendo havido uma mudança significativa de então para cá, respeitante à divorcialidade, equivalem estes últimos números a dizer que cerca de 62 divórcios por dia têm lugar em Portugal.
Repare-se que estes dados dizem respeito, apenas, aos casamentos que, depois, se desfizeram. Nada se diz sobre as uniões de facto que não vieram a resultar. Ora, este último tipo de conjugalidade, segundo o Instituto Nacional de Estatística, cifrava-se em 381.000 casos em 2001, passando em 2011 para 730.000. Neste mesmo ano de 2011 foi registada a percentagem de 42,8% de nascimentos fora do casamento. 
Não encontrei estatísticas que comparassem a durabilidade do casamento com a da união de facto. Admito, como mera opinião pessoal, que esta última tenha tendência para ser menor, uma vez que, independentemente dos vínculos afectivos que as sustentam, a existência de uma base jurídica em que assenta o casamento e que, em muitos deles, se associa um vínculo religioso, tenda a ser um factor que crie obstáculos à separação.
Mas divórcio e separação significam, quase sempre, filhos que foram, umas vezes mais, outras vezes menos, assistindo a cenas de conflitualidade entre os pais; filhos que, depois de um percurso penoso que fizeram dentro de casa, vêem os pais ir cada um para seu lado. Por muito civilizada e cordial que seja uma separação entre pai e mãe, e por melhor acompanhamento que possa ter sido dado, nestes momentos de angústia, aos filhos, estes não deixam de sofrer, ficando-lhes uma incerteza ou, até, insegurança, quanto ao seu futuro. Que fazer com estas crianças e adolescentes? Como melhor proteger os filhos, perante uma separação dos pais? São perguntas a que os pais separados não podem deixar de responder. Mas será que muitos o fazem?

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