As autoras ouviram vários testemunhos. Foto DR
Duas alunas da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco fizeram um documentário que aborda o drama vivido pelos refugiados aos olhos de quem vive na região.
“Mudanças” expõe os prós e contras da integração de quem foge de conflitos como a guerra na Síria mas não esconde que tem como objetivo sensibilizar as pessoas para este drama. Mónica Perquilhas é aluna do curso de Design de Comunicação e Produção Audiovisual na Esart e confessa que antes de começar o trabalho não tinha uma opinião formada sobre o assunto, nem sequer o tema tinha sido incluindo na lista de ideias para fazer um documentário.
A mudança aconteceu quando a colega Bárbara Ramos fez uma viagem de comboio no estrangeiro, onde também viajavam refugiados.
“O assunto mexeu muito com ela porque a polícia pediu os passaportes e quando o comboio começou a avançar e eles perceberam que estavam a salvo soltaram gritos de alegria”, conta Mónica Perquilhas. As duas colegas de curso partiram então para este tema sabendo à partida da desconfiança ou da pura falta de interesse que muitos cidadãos têm sobre este assunto.
“Muitas pessoas não ligam porque não é connosco e outras não concordam porque acham que representam muitos perigos. Estas pessoas não estão à procura de uma vida melhor mas apenas de sobreviver”, diz a coautora.
O documentário dá uma visão local sobre o tema graças à colaboração de instituições como a Cáritas ou a Associação Amato Lusitano, que gere o serviço de apoio ao imigrante.
O problema foi encontrar refugiados para entrevistar, porque não há assim tantos na região, ao contrário das expectativas iniciais. Só na parte final do projeto é que conseguiram chegar à fala com duas refugiadas mas há barreiras que continuaram a existir, como a língua.
“Principalmente o que queremos transmitir é que eles estão a fazer isto por uma questão de sobrevivência”, insiste Mónica Perquilhas, que passou da indiferença à defesa destas pessoas.
“Portugal está muito envelhecido e muitos dos refugiados são famílias com filhos e acho que isso vai ajudar muito o nosso país. Se não fossem pessoas que querem lutar pela sobrevivência não se metiam num barco com os filhos bebés, sujeitos a morrerem”.
O documentário está disponível no Youtube em português e inglês, estando a ser preparada uma versão em árabe.