Jeremias, presidente da Brigada do Reumático, já decidiu. Vai trocar o seu automóvel por um camião. - “Ao que parece vão fazer descontos nas portagens para camiões na autoestrada do Burgo, pelo que essa pode ser uma boa opção”, ironizou o responsável da BR, enquanto dava conta de que comprar combustível e gás no outro lado da fronteira é muito mais barato.
- “Oh Jeremias, eu acho que nem com o camião lá vais!”, respondeu Godofredo, secretário geral da BR, que cada vez está mais farto da hipocrisia de quem manda no presente e de quem mandou no passado na Nação Lusitana. - “Não há cerimónia nenhuma em que o discurso não seja o mesmo, que temos que valorizar o interior, e que estamos no centro da península ibérica e não sei o que mais. Mas depois pagamos as portagens mais caras do velho continente, não criam incentivos para a fixação de empresas e de pessoas, e como se não bastasse ainda nos fecham organismos públicos, como alguns bancos”, justificou.
- “Não sejam assim”, disse Evaristo, do Conselho Fiscal da Brigada. Para quem há muito que o destino das nossas gentes ficou traçado: “estamos a usufruir alegremente de políticas antigas, que já vêm do encerramento do quartel dos tropas, dos postos dos guardas nas freguesias, do fecho de serviços estatais, da suspensão e cancelamento de obras estruturantes, como a nova prisão do Burgo, a autoestrada para Castella, ou a barragem do Aflito, etc”, esclareceu.
- “Mas continuo cá com a minha ideia do camião”, reforçou Jeremias, que ainda não percebeu o silêncio de “alguns agentes da democracia”.
- “Se calhar também vão comprar camiões”, concluiu Godofredo, enquanto pedia uma rodada de imperiais e os caracóis da praxe, como estágio para o jogo da seleção...
JC
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