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Retratos: Limpar

JC - 09/11/2017 - 10:32

Apesar de no dia seguinte de manhã Jeremias ter que se levantar cedo para ir limpar, com muitos outros burguenses, a albufeira da Barragem da Santa, na noite anterior decidiu assistir a uma conferência dos informáticos do Burgo. -”Foi um serão muito bem passado, onde se falou de doçaria, de inovação nessa arte e de jornalismo”, começou por explicar o presidente da Brigada do Reumático, enquanto pegava num dos sacos e colocava lá dentro beatas, copos de plástico, pensos dos que não pensam etc. -“Isto aqui demonstra bem a educação de muitas pessoas, que usufruem da mãe natureza mas não se importam de lá deixar tudo e mais alguma coisa”, acrescentou.
-“É bem verdade, olha o que aqui encontrei”, retorquiu Godofredo, secretário geral da BR, que também se associou à causa, aludindo a um conjunto de garrafas de vidro já vazias de cerveja.
A limpeza decorria a bom ritmo e depressa a conversa dos caninos veio à baila. “Esta coisa da sujidade faz-me lembrar os dejetos dos lulus que nos sujam os passeios e os jardins. A amizade que certas pessoas têm para com os animais é tão grande que até tentam preservar na rua a sua cacaria como troféu dessa mesma amizade”, explicou Evaristo, do Conselho Fiscal da Brigada do Reumático.
-“E aqui é a mesma coisa, tentam deixar troféus, esquecem-se é que é desta água que todos bebemos”, disse Jeremias, que sobre a conferência da noite anterior registou dois aspetos interessantes: “o jornalismo da cópia e da «mangonhice», e as dificuldades de se estar no interior”.
-“Essa das cópias já tinha observado, agora a questão do interior é falsa, pois com tanto anúncio de incentivos até estamos incomodados. O problema é quando se chega ao terreno e os sacanas dos papéis não nos deixam fazer nada. E depois quando perguntamos porque é que temos que pagar mais do que quem vive no litoral, dizem-nos que isso é mentira. É preciso descaramento!”, referiu, incomodado Godofredo, que continua sem compreender o porquê de se pagarem portagens na Autoestrada do Burgo.
-“É a vidinha, como alguém e muito bem disse”, concluiu Jeremias, enquanto tentava colocar num saco uma parte de um micro-ondas já ferrugenta e um jornal daqueles que não copia notícias…
JC

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