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Rua dos Ferreiros em tempo de poesia

- 23/03/2017 - 17:56

Maria Adelaide Fontainhas, 87 anos, aluna da Universidade Sénior de Castelo Branco, acaba de lançar o livro "Rua dos Ferreiros seguido de tempo de poesia" . A obra tem a chancela da RVJ Editores.

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“Entre mil novecentos e trinta e seis e mil novecentos e quarenta e cinco, havia nesta rua merceeiros, taberneiros, ferreiros, carvoeiros, sapateiros, padeiros, coveiros, caldeireiros, carpinteiros e sei lá que mais. Naquele tempo as mulheres desta rua já trabalhavam para ajudar os maridos. Eram cozinheiras, lavadeiras, engomadeiras, costureiras, empregadas nos correios. Também havia doutores, jogadores, professores, engenheiros, encadernadores, tipógrafos, contabilistas, alfaiates. O Instituto de Santo António (I.S.A.) e três clubes noturnos completavam o enquadramento da Rua”. Este é um dos primeiros parágrafos do livro Rua dos Ferreiros seguido de Tempo de Poesia, da autoria de Maria Adelaide Fontainhas.

A obra, editada pela RVJ Editores, veio a lume com o apoio da autarquia albicastrense, foi apresentada por Maria de Lurdes Barata (professora Milola) e encheu por completo a Biblioteca Municipal de Castelo Branco, numa cerimónia presidida por Luís Correia, presidente do autarquia albicastrense. A rua dos Ferreiros foi uma das mais movimentadas da cidade e a autora, de 87 anos, descreve-a como ninguém, recordando os seus tempos de criança, descrevendo os seus habitantes como o senhor Chico Blasco, proprietário de uma mercearia que abria a rua, o senhor Pirolito, alcunha ganha porque no seu estabelecimento vendia vinho, aguardente, jeropiga e claro está pirolitos (leia-se sumos),

Mas na Rua dos Ferreiros também se ouvia a Rádio Moscovo, Conta-nos a autora que, em pleno Estado Novo, e a PIDE – Polícia do Regime, chegou a fechar a Taberna do 1º de Maio, onde as ditas emissões se ouviam. Houve protestos na Câmara e o estabelecimento foi reaberto, mas quando havia rusgas, o homem do rádio fugia por um alçapão existente na taberna.

O livro não sendo muito extenso conta estas e outras histórias, primeiro em prosa e depois em poesia, de uma forma que cativa e que nos faz imaginar a cumplicidade existente naquele tempo entre todos os seus moradores.

 

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